A Crise do Trabalho em São Paulo durante os Governos do PSDB

 O mundo do trabalho tem passado por profundas transformações nas últimas décadas. Além dos efeitos regressivos da crise estrutural do capitalismo e das reformas trabalhista e sindical promovidas pelo governo ilegítimo que completa, agora, dois anos, está em curso também a quarta revolução industrial. São fenômenos que tem efeitos devastadores para os trabalhadores.

Por Vânius Oliveira*

carteiras de trabalho

Se nacionalmente as consequências do desemprego causam estragos no desenvolvimento das grandes metrópoles, no Estado de São Paulo, após duas décadas de governos do PSDB o que se assiste é a grande incapacidade tucana em apontar alternativas para os trabalhadores.

Quem são e onde estão os desempregados brasileiros

O Índice de desemprego no Brasil atingiu 12,6% no trimestre correspondente a dezembro de 2017 e fevereiro de 2018. Isso significa que mais de 13 milhões de pessoas estão desempregadas no país. A taxa média de desemprego em 2017 foi a mais elevada de uma série histórica iniciada em 2012. O País fechou o ano de 2017 com 13,2 milhões de desempregados, quase 6,5 milhões a mais em relação a 2014 quando a taxa de desemprego estava em 6,8%. Os dados foram divulgados no final de abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da pesquisa Pnad Contínua.

Segundo pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) o ranking de desemprego no Brasil tem gênero, idade, raça, nível de escolaridade e Classe Social: ele é Mulher (59%), com filhos (58%), com idade até 34 anos, se declara negro ou pardo (30,9%), tem escolaridade até o ensino médio completo (54%) e pertence às Classes C/D/E (95% pasmem!). Ou seja, o desemprego na Brasil atinge mais os jovens, negros, mulheres e pobres.

A situação dos trabalhadores é ainda pior quando consideramos as demais categorias de desemprego. O Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (DIEESE) divide o desemprego em três categorias: desemprego aberto (quando as pessoas procuram emprego), desemprego oculto por desalento (pessoas que não procuram trabalho a mais de 30 dias) e desemprego oculto por trabalho precário (trabalhadores desempregados que realizam bicos de forma descontínua e irregular).

Portanto, se no desemprego aberto temos um contingente de 13 milhões de pessoas, o quadro se torna desesperador quando contabilizamos as duas modalidades de desemprego oculto. Ao acrescentarmos os desalentados e subempregados dobra-se o numero de trabalhadores fora do mercado de trabalho, chegando a um “exército” superior a 20 milhões de pessoas sem ocupação.

Desemprego e miséria em SP, legado de Alckmin aos trabalhadores

São Paulo, que hoje concentra grande parte da riqueza nacional é o estado mais rico e pujante da federação com cerca de 35% do parque industrial brasileiro e 1/3 do PIB nacional, tem apresentado sinais permanentes de fadiga na Economia.

Mesmo com todo esse potencial, o estado de São Paulo cresceu menos que o Brasil. Durante os governos Lula e Dilma, anos em que o país obteve altos índices de desenvolvimento, o estado se manteve estagnado, cresceu abaixo da média e diminuiu sua participação no PIB nacional.

É nítido que São Paulo está perdendo força e importância em decorrência do modelo de gestão ao qual vem sendo submetido há décadas pelos tucanos, que destoa do ritmo de desenvolvimento de outras regiões. A consequência direta deste modelo é o desemprego avassalador e o aumento da pobreza com famílias inteiras sendo jogadas na miséria absoluta.

A taxa média de desemprego em 2017 foi de 18% no estado, a maior desde 2004 segundo pesquisa da Fundação Seade e Dieese. O estudo mostra ainda que o ano de 2018 iniciou com indicadores preocupantes. Os índices apontam ascensão das taxas de desemprego, sendo 16,2%; 16,4% e 16,9% para os meses de janeiro, fevereiro e março respectivamente. O contingente de desempregados atinge 1,86 milhão de pessoas.

Taxas de Desemprego Total – Região Metropolitana de São Paulo



Fonte: Sead-Dieese

Geraldo Alckmin, ao largar São Paulo e tentar voô a Brasília deixa como legado ao maior polo de riqueza do país, mais de 700 mil pessoas vivendo na pobreza extrema, número 35% maior do que era em 2016, além de uma legião de desempregados e desalentados vítimas do descaso dos governos tucanos ao longo de mais de 20 anos.

O Aumento da miséria em São Paulo afeta, principalmente, a parcela com menor grau de escolaridade, aponta o estudo, tem relação direta com a queda de renda da população mais pobre e demonstra vínculo com a falta de investimentos na formação, capacitação e no fomento profissional. Não é a toa que o orçamento da Secretaria Estadual do Trabalho é um dos menores do estado.

Neste ambiente de retrocessos e crise do emprego no estado, muitas categorias são constrangidas a assinar acordos abaixo da inflação confirmando o arrocho salarial. O patronato aproveita o desemprego em massa para reforçar a intransigência e aumentar a exploração. Dados do Ministério do Trabalho indicam que novos contratados com Carteira assinada recebem, em média, 21% a menos que os demitidos na mesma ocupação, ou seja, patrões demitem massivamente e contratam com menores salários.

Portando, à massa de desempregados, desalentados, excluídos e marginalizados, que durante as experiências tucanas em SP foram vítimas da falta de políticas públicas que gerem empregos, renda e esperança, não resta outra alternativa a não ser a oportunidade de dar respostas nas ruas e nas urnas em 2018 e começar a construir outro capítulo na história de São Paulo.