Manuela: Direita quer investir no social só no próximo século

Cinco pré-candidatos à presidência da República participam nesta quinta-feira (10) do painel na conferência da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), em Gramado, no Rio Grande do Sul.

Por Dayane Santos

Manuela - Bruno Alencastro

Sob o tema "Panorama político nacional", mediado pela jornalista Rosane de Oliveira, o evento contou com Manuela D'Ávila, pré-candidata pelo PCdoB, além de Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (Psol), Henrique Meirelles (PMDB).

Durante o debate, os candidatos puderam apresentar suas visões de como o país pode enfrentar e sair da atual crise econômica e política.

Henrique Meirelles (PMDB), ex-ministro da Fazenda de Michel Temer, fez a defesa do governo e do ajuste fiscal, que congelou os investimentos públicos por 20 anos. Disse que o seu plano é retomar o crescimento da economia, porém, esse crescimento não seria acompanhado de investimentos sociais.

“Nós disputamos uma eleição no século 21, e tem gente que acha que o Brasil só pode voltar a investir em áreas sociais no século 22”, ironizou Manuela, rebatendo a afirmação de Meirelles.

“O estado tem que ter capacidade de investir e para isso precisamos fazer a reforma tributária, enfrentando interesses poderosíssimos e as famílias milionárias que ocupam o poder historicamente no país”, completou ela, reforçando que o debate sobre as bases econômicas do país deve incluir os juros, câmbio e a meta da inflação.

“Nós temos que debater, sim, juros e câmbio porque a macroeconomia tem que servir ao nosso povo, pois não é a Santíssima Trindade que não pode ser debatida”, defendeu.

Manuela, que também é deputada estadual pelo Rio Grande do Sul, destacou que o estado enfrenta umas das mais graves crises do país, com falta de verbas para pagamento de salários e corte em investimentos.

“Será que a solução pode ser a mera adesão ao regime de recuperação fiscal, que tira a autonomia política dos governadores? O caminho que impõe regras aos estados? Eu não acredito nesse caminho”, argumentou.

Manuela afirmou ser contra a tese de que a federalização dos serviços públicos é a alternativa para solucionar os problemas fiscais enfrentados pelos estados. “Sou contra a ideia de que é necessário federalizar tudo aquilo que está dando errado. Acho que é possível recompor a capacidade de investimento e garantir que estados e municípios tenham condições de cuidar, como já fazem os pequenos municípios, de suas escolas, do salário dos seus professores, das suas crianças e adolescentes”, defendeu.

Para Manuela, quando a pauta é educação, a questão central é definir qual escola o país quer para os seus filhos. Ele salientou que o sistema de ensino superior é muito relevante para o país porque tem relação com o desenvolvimento nacional.

“Tem gente que não defende projeto de desenvolvimento nacional soberano para o nosso país. Mas nós só conseguiremos dar um salto enquanto nação quando garantirmos indústrias com uma produção que agregue mais valor. Isso acontece em todas as nações, a partir também do investimento público em ciências básicas”, ressaltou a pré-candidata.

Manuela, no entanto, reforçou apesar do ensino superior público ter um papel importante na construção do desenvolvimento, quando o assunto é Educação, os investimentos devem ser concentrados no ensino básico.

“Defendo que o investimento central esteja na educação infantil. É isso que faz o resultado no Ideb ser ruim: a ausência de investimentos públicos nas nossas creches e no resto do sistema de educação infantil”, apontou.

Manuela também lembrou da importância dos deputados estaduais para a construção do desenvolvimento dos estados e a melhoria das condições de vida da população.

“Quando decidi concorrer, ouvia a frase: os deputados estaduais têm muito pouco a fazer. Creio que isso tem a ver com as razões pelas quais eu decidi concorrer à Presidência da República. Sou pré-candidata porque acredito que o Brasil pode ser um país sem desigualdade”, frisou.

Para ela, o momento exige um profundo debate sobre qual o papel do estado na solução da crise econômica, mas que a solução para os problemas da crise também passa por ter “outra visão sobre os estados e sobre o poder dos municípios”.