Márcio França faz homenagem eleitoreira à pm que matou assaltante

O governador de São Paulo “França viu nisso uma janela para buscar vitaminar suas intenções de voto, na casa de 8% segundo o mesmo Datafolha. Fora de seu cálculo, contudo, estão os 35% de entrevistados no levantamento de 2017 que temem também a polícia, com bons motivos aparentes para isso”, escreveu Igor Gielow neste domingo (13) em coluna na Folha de S.Paulo.

governador de s.Paulo Márcio França homenageia mãe pm que matou assaltante 2018 - Reprodução

Segundo ele, o atual governador de S.Paulo, que é candidato ao governo do Estado, “resolveu surfar na comoção” gerada pelo episódio. França assumiu após a saída de Geraldo Alckmin, pré-candidato à presidência da República pelo PSDB.

Neste sábado (12), a policial Kátia da Silva aguardava em frente ao portão da escola da filha quando um assaltante atacou o grupo de pais e crianças que aguardavam a abertura do portão. A Pm disparou três vezes contra o ladrão, que foi desarmado. Encaminhado à Santa Casa, o assaltante faleceu. O caso aconteceu em Suzano (SP).

“O ato vai na contramão do esforço que a Polícia Militar paulista tem feito para reduzir a letalidade de suas ações. O ano passado registrou 927 mortos por PMs, o maior número da série histórica iniciada em 2001. Com a queda no número geral de homicídios no estado, policiais foram responsáveis por um em cada cinco mortes do gênero em São Paulo em 2017”, analisou Igor.

O colunista lembrou que “Neste ano, o novo comandante da PM, coronel Marcelo Salles, pediu durante sua posse uma maior reflexão sobre a violência das ações da tropa, e o primeiro trimestre anotou queda de 17% nas ocorrências em relação ao mesmo período de 2017”. O comando teme a naturalização desse tipo de violência, escreveu Igor.

Na opinião do colunista, o tucano amplificou a ação de Kátia. “O governador não pensou nisso. Mais, ao amplificar a ação de Katia ele também busca identificar-se com um sentimento difuso de insegurança que marca a sociedade. Pesquisa do Datafolha no ano passado indicou que 60% dos brasileiros têm medo de sair à noite, e a promessa de restauração da ordem por meio da força é um dos pilares da candidatura do deputado Jair Bolsonaro (PSL), que ponteia a corrida eleitoral no cenário sem Luiz Inácio Lula da Silva”.

De acordo com Igor, “Naturalmente, Katia é uma policial com treinamento que foi de eficácia ímpar, mas para o cidadão que assume o discurso sobre a necessidade de armar a sociedade a fim de reagir e matar bandidos, as fotografias se confundem”.