No trimestre, mais pobres perdem 5% da renda e desigualdade cresce
Dados oficiais divulgados pelo IBGE continuam a derreter o discurso feito pelo governo Michel Temer na semana passada em celebração aos dois anos que está no poder. Temer disse que o país mudou nos dois anos de sua gestão. Mas foi para pior, principalmente para os mais pobres.
Publicado 23/05/2018 12:42
No primeiro trimestre de 2018, segundo estudo sobre a acelerada concentração renda realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, a renda média mensal dos 20% mais vulneráveis do país caiu de R$ 400 para R$ 380 quando comparada à de janeiro/março de 2017. É uma queda real de 5%.
Para a camada seguinte, a perda de rendimento foi de 1,8% em igual intervalo, de uma média de R$ 963, para R$ 945. Enquanto os 40% mais pobres sofrem, os 20% mais ricos viram seu ganho médio mensal passar de R$ 5.579 para R$ 6.131, com aumento de 10,8% no mesmo período.
"O que está acontecendo é o seguinte: as classes média e alta do Brasil estão conseguindo recuperar a renda do trabalho, só que a base da pirâmide ainda está amargando perdas", afirmou economista Daniel Duque, ao Valor Econômico.
O economista da FGV optou por retirar da amostra um milionário cuja renda muito alta por si só impacta a leitura dos dados da Pnad. Segundo Duque, ao entrar na pesquisa da PNAD Contínua do último trimestre de 2016, esse multimilionário provocou um aumento nos indicadores da desigualdade. De igual maneira, ao sair da amostra no primeiro trimestre de 2018, provocou uma melhora artificial nos indicadores de concentração de renda, evidenciando o impacto da concentração de renda.
Mortalidade
Os dados recentes também apontam para um cenário de retrocesso nos índices de mortalidade infantil. De acordo com levantamento feirto pela Fiocruz, o congelamento de gastos no Bolsa Família e Estratégia de Saúde da Família impactarão diretamente na mortalidade de milhares de menores de até 5 até 2030. Segundo o estudo, serão quase 20 mil crianças cujas mortes estão decretadas pela política de cortes.