Servidores fazem ato contra desmonte da saúde de São Paulo

Trabalhadores e usuários do serviço público de saúde na cidade de São Paulo realizaram um ato, nesta quinta-feira (14), em São Paulo, contra os problemas considerados graves no setor. Eles exigem que a gestão de Bruno Covas (PSDB) atenda, imediatamente, a decisão do Ministério Público (MP-SP) e reabra as unidades fechadas, recontrate os funcionários e dê condições de atendimento.

manifestação saúde - Sindesp

Segundo os manifestantes, já foram várias tentativas de diálogo com a Prefeitura, mas até agora nada foi resolvido. A saúde “continua um caos” e os trabalhadores do setor querem uma agenda, junto ao Conselho Municipal de Saúde, para que o poder público dê uma resposta para as questões sérias que a saúde enfrenta.

Ainda na quinta, a Prefeitura emitiu nota afirmando que as determinações do MP-SP serão atendidas.

“O governo [do ex-prefeito João Doria] veio com uma proposta de fechar 108 unidades de saúde na cidade de São Paulo. Nós estamos num momento de crise onde a população está perdendo a sua condição de manter um plano de saúde. No momento em que a demanda cresce, o governo está fechando unidades”, critica Lourdes Estevam, secretária do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep).

O sindicato também denuncia que os hospitais estão sem condições de atendimento e os poucos trabalhadores estão adoecendo. “Eles estão pedindo um basta nessa situação. O Samu está em frangalhos, nem o pessoal da vigilância sanitária consegue trabalhar, porque não tem carro”, diz Sérgio Antiqueira, presidente do Sindsep.

Também faltam médicos – ainda segundo o sindicato –, medicamentos e estrutura para atender à população e as pessoas pobres são as que mais sofrem. Desempregada, Maria Aparecida do Camargo, depende da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jaçanã, na zona norte, relata que “passei ontem na clínica geral pedindo o encaminhamento a um dermatologista, mas eles disseram que não tem especialista lá. Pediram uns exames para ter mais ou menos o prognóstico. Quando fui marcar os exames, a atendente disse que não tinha laboratório”.

Enfermeira há 18 anos, Rosa Leite trabalha há quatro no pronto socorro do Tatuapé, na zona leste, e nunca viu a saúde tão precária na cidade de São Paulo. “Falta funcionários, acomodação para pacientes, medicações e até leitos. As salas de emergências muito lotadas”, lamenta.

Para Julianna Salles, dirigente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), o sucateamento da saúde pode ser um indicativo de privatização do setor. “Desde a nova gestão do município, os estabelecimentos de saúde são fechados ou precarizados. O intuito é claro: a entrega para a iniciativa privada e terceirização dos médicos. Estamos numa situação absurda, além de sobrevivência dos profissionais, mas de vida e morte da população”, acrescenta.