França encontra Alemanha: ambos decidem por todos o futuro da UE

Emmanuel Macron e Angela Merkel, representantes da França e da Alemanha, saíram da cúpula franco-alemã de terça-feira (19) com o roteiro pronto para o Conselho Europeu que ocorrerá no final de junho: reforçar a moeda única como constrangimento à soberania dos estados

Macron e Merkel - EPA

O presidente francês e a primeira-ministra alemã chegaram a um acordo sobre a proposta que as duas potências centrais vão levar à cúpula dos chefes de Estado e de governo da União Europeia, que acontecerá nos dias 28 e 29 de junho, num encontro no castelo de Meseberg, a norte de Berlim.

De acordo com a Deutsche Welle (DW), o entendimento franco-alemão reduz-se a dois temas: a chamada reforma da União Econômica e Monetária, e o reacendimento midiático da crise humanitária que se vive no Mediterrâneo.

Quanto a primeira, Emmanuel Macron escreveu no twitter que "nunca foi possível um acordo franco-alemão sobre a zona euro. Hoje, a França e a Alemanha dizem em conjunto: é preciso um orçamento para a zona euro!".

Segundo a agência alemã, a proposta passa pela criação de um orçamento paralelo ao da União Europeia (UE), mas apenas para os países da moeda única, que entraria em vigor a partir de 2021 e seria dirigido ao "investimento e convergência econômica" entre os 19 estados-membros. No entanto, não é especificado de que forma será financiado mais este instrumento que, ao ser concretizado, poderá representar um salto na capacidade das instituições da UE de condicionarem a soberania orçamental e de política econômica de cada país.

Sobre a crise migratória, que recuperou relevaância midiática nos últimos dias e que está provocando dificuldades internas no seio da coligação de governo na Alemanha, Angela Merkel defendeu que é preciso reforçar a agência europeia para as fronteiras externas (Frontex) e reduzir o fluxo de migrantes que entra no espaço da UE. Recorde-se que este fluxo resulta, essencialmente, das populações que fogem de países destruidos por guerras de agressão promovidas por potências ocidentais, com os EUA como liderança, mas também com destacada participação francesa, como na Líbia e na Síria.

A DW refere ainda que ambos os líderes defenderam a redução do número de comissários europeus, que atualmente corresponde ao número de estados-membros – uma medida que deixaria países como Portugal em risco de perder representação num dos principais organismos da UE.