Publicado 25/07/2018 15:35
Naquela roda de amigos, o tucano Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à presidência da República protagonizou uma verdadeira conversa gentil e amena com um grupo de entrevistadores que transformou o programa num verdadeiro palanque televisivo para a apresentação das estapafúrdias ideias programáticas do tucano.
Alckmin ficou à vontade e falou o que quis, sem perguntas incômodas – exceto em alguns momentos, quando se falou nas irregularidades na construção do Rodoanel. Nada sobre os escândalos do Metrô e da merenda, dos protestos de secundaristas…
Alckmin defendeu o Estado mínimo – em sua opinião, é a “gastança” pública que impede a ação do governo para fomentar a economia, o investimento e a geração de empregos. No melhor estilo neoliberal, afirmou que o Estado gasta muito, e mal – com aposentadorias (principalmente para funcionários públicos), com a gestão da máquina pública, com o número “excessivo” de funcionários, com as empresas estatais. Privatista, ele defende a entrega do patrimônio público para capitalistas privados que, estes sim, diz como autentico neoliberal, seriam capazes de administrar de forma eficaz empresas que deveriam ser conduzidas pela iniciativa privada e não pelo Estado. É a repetição, ad nauseum, dos dogmas sistematizados por Milton Friedman e postos em prática, originalmente, pelo ditador Augusto Pinochet, no Chile, Margareth Thatcher, no Reino Unido, e Ronald Reagan, nos EUA. E, no Brasil, por Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso e. depois do golpe de 2016, por Michel Temer. Com o apoio militante e permanente do partido de Alckmin, o PSDB.
Geraldo Alckmin é um Temer que busca o voto em outubro para tentar dar legitimidade às “reformas” reacionárias, antinacionais e antipopulares que quer implantar. Afirmou claramente que vai preservar todas medidas do governo de Michel Temer – deixando implícito que vai manter o teto dos gastos que congela por 20 anos os investimentos sociais e produtivos do governo federal.
Defendeu, com ênfase e clareza, a reacionária contra-reforma trabalhista de Temer. E desmentiu, com vigor, as especulações existentes de que poderia patrocinar, se eleito, alguma forma de financiamento dos sindicatos, que ficaram financeiramente sufocados pela ação de Michel Temer. Foi veemente, a respeito: “Não há hipótese de voltar o imposto sindical” – resumindo na expressão “imposto sindical” qualquer forma de financiamento para os sindicatos. Batendo na desgastada tecla da direita e dos patrões, afirmou também que a “reforma” trabalhista foi importante ao “modernizar” uma legislação oriunda dos anos 40 – simplesmente desconhecendo toda a atualização feita, ao longo do tempo, na CLT, que envolveu mais de 80% de seu conteúdo, como reconhecem os especialistas progressistas.
Ainda em relação ao mundo do trabalho, afirmou com todas as letras sua pretensão de extinguir o Ministério do Trabalho. “Estou estudando nem ter mais o Ministério do Trabalho”, disse. Levará de roldão todo o papel de gestão e fiscalização e regulamentação, a nível do governo federal, das relações de trabalho para deixá-las submetidas à plena e total ganância do capital
Bem ao gosto neoliberal, ele repetiu ideias dos velhos liberais brasileiros e sua aristocrática aversão ao desenvolvimentismo democrático-burguês de Getulio Vargas. Nessa linha, as teses programáticas anunciadas por Alckmin repetem surrados bordões neoliberais. Fala em estimular a confiança na economia para favorecer o investimento privado. Em Estado mínimo, cortes de impostos, reforma previdenciária (com favorecimento à previdência privada) entrega das estatais à ganância capitalista, controle sobre as “corporações” – isto é, sobre as categorias profissionais mais organizadas e com maior capacidade de ação – fim dos sindicatos, das centrais sindicais e mesmo do Ministério do Trabalho – palavras que soam como música aos ouvidos neoliberais e da especulação financeira. Que fazem de Alckmin o candidato do “centrão”, isto é, da direita, para prosseguir e manter o assalto ao poder, às riquezas brasileiras e aos direitos sociais do povo e dos trabalhadores, colocando de joelhos o país ante as potências imperialistas (sobretudo os EUA). Que Geraldo Alckmin e o PSDB representam. Ele é a continuidade de Temer e das mesmas forças direitistas, antinacionais, antidemocráticas e antipopulares, que assaltam o poder em 2016.