Cúpula do Brics alerta para os riscos do unilateralismo
Na X Reunião do Cúpula do BRICS, os presidentes da África do Sul e da China defenderam o multilateralismo e alertaram para os efeitos negativos do protecionismo na economia mundial.
Publicado 27/07/2018 15:51

Nesta quinta-feira (26), segundo dia da reunião de cúpula do Brics encerrada nesta sexta-feira (27),em Joanesburgo, na África do Sul, os chefes de Estado ou de governo do organismo que representa as principais economias emergentes do mundo, debateram temas como a cooperação e as ameaças ao comércio mundial, bem como questões relacionadas com o atual cenário político e de segurança internacional.
A sessão – precedida, na quarta-feira, pela realização do Fórum de Negócios do BRICS – foi presidida pelo chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, e contou com a participação e as intervenções dos presidentes do Brasil, da Rússia e da China, e do primeiro-ministro da Índia, que abordaram a fundo questões relativas à cooperação entre os seus países, sob o lema "Brisc na África: colaborando para o crescimento inclusivo e a prosperidade partilhada na Quarta Revolução Industrial".
Nas suas intervenções, Ramaphosa e o presidente chinês, Xi Jinping, vincaram a defesa do multilateralismo e do comércio livre. Sem se referir aos EUA, o presidente da China enquadrou o unilateralismo e o protecionismo nos fatores que "estão a afetar o ambiente de desenvolvimento externo dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento".
Xi Jinping defendeu a consolidação do quadro de cooperação do Brics, assente na cooperação econômica, política e de segurança, bem como no comércio entre os povos. Tal como Cyril Ramaphosa, o chefe de Estado chinês exortou os países do Brics a trabalhar de forma conjunta em prol de um novo tipo de relações internacionais, marcadas pelo respeito mútuo, a igualdade e a justiça.
"Devemos continuar comprometidos com o multilateralismo e os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas", disse, defendendo que, na salvaguarda da paz e da segurança mundiais, os membros do Brics devem "pedir a todas as partes que cumpram as normas fundamentais que regem as relações internacionais e solucionem as disputas pela via do diálogo".
Permitir que mais povos e países beneficiem dos avanços
Logo na quarta-feira, perante os mais de mil delegados presentes no Fórum de Negócios da X Cúpula do Brics, Ramaphosa mostrou-se preocupado com o "aumento de medidas unilaterais que são incompatíveis com as regras da Organização Mundial do Comércio "e, especialmente, com o seu impacto "nos países em vias de desenvolvimento".
Esta intervenção inicial ficou marcada pelas críticas ao unilateralismo – sem referências diretas a Donald Trump –, a defesa do multilateralismo e a lembrança das conquistas do Brics na sua década de cooperação.
A necessidade de um rumo estratégico para as oportunidades que a Quarta Revolução Industrial proporciona e a importância da cooperação do Brics com África foram outros tópicos de destaque na intervenção do chefe de Estado sul-africano.
Também Xi Jinping deixou clara, logo no primeiro dia da reunião, a rejeição das medidas unilaterais e do proteccionismo económico, afirmando que os Brics devem promover uma economia mundial aberta.
Sublinhando o contributo dado pelo bloco que integra o seu país, a Índia, a Rússia, a África do Sul e o Brasil, nos seus primeiros dez anos, para a recuperação e o crescimento econômico mundiais, o presidente chinês afirmou: "Deve-se rejeitar uma guerra comercial, pois não haveria vencedores."
«"A hegemonia econômica é ainda mais inaceitável, na medida em que minaria os interesses coletivos da comunidade internacional; aqueles que seguirem esse caminho acabarão apenas por se prejudicar a si mesmos", frisou.