61% das crianças e adolescentes são pobres no Brasil, alerta Unicef

De acordo com relatório da Unicef, 32 milhões de meninos e meninas brasileiras (61%) vivem na pobreza e quase 27 milhões de crianças e adolescentes (49,7% do total) têm um ou mais direitos negados. Sendo que os mais afetados são meninas e meninos negros, vivendo em famílias pobres monetariamente, moradores da zona rural e das Regiões Norte e Nordeste.

Por Verônica Lugarini

(Foto: João Ripper/Unicef)

Nesta terça-feira (14), a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) revelou que 6 em cada 10 crianças e adolescentes no Brasil vivem na pobreza, segundo o estudo “Pobreza na Infância e na Adolescência". Ou seja, 32 milhões de meninas e meninos (61%) são pobres em suas múltiplas dimensões. Desse total, 6 milhões vivem em famílias monetariamente pobres, mas têm os seis direitos analisados pelo estudo garantidos.

Já outros 12 milhões, além de viver na pobreza monetária, têm um ou mais direitos negados, estando em uma situação de privação múltipla. E há ainda 14 milhões de meninas e meninos que, embora não sejam monetariamente pobres, têm um ou mais direitos negados.

Somados esses dois últimos grupos, o país tem 27 milhões de crianças e adolescentes (49,7% do total) com um ou mais direitos negados, em situação de "privação”. A entidade considerou como direitos negados (privações) a educação, moradia, água, saneamento básico, informação e o trabalho infantil para a pesquisa que foi realizada com base na Pnad 2015.

Para Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil, incluir a privação de direitos como uma das faces da pobreza não é comum nas análises tradicionais sobre o tema, mas é “essencial para dar destaque a problemas graves que afetam meninas e meninos e colocam em risco seu bem-estar”, informa no relatório.

No conjunto de aspectos analisados, o saneamento é a privação que afeta o maior número de crianças e adolescentes até 17 anos (13,3 milhões), seguido por educação (8,8 milhões), água (7,6 milhões), informação (6,8 milhões), moradia (5,9 milhões) e trabalho infantil (2,5 milhões).

Fonte: Unicef

Negros são os mais afetados

Segundo o levantamento, crianças e adolescentes negros sofrem mais violações do que meninas e meninos brancos, reflexo da discriminação racial e exclusão que muitas crianças e muitos adolescentes sofrem no Brasil. Moradores das regiões Norte e Nordeste enfrentam mais privações do que os do Sul e Sudeste.

As privações de direito também afetam de forma diferente cada faixa etária. Os adolescentes têm mais direitos negados (58% para o grupo de 11 a 13 anos, e 59,9% para os de 14 a 17 anos) que as crianças mais jovens (39,7% para o grupo de até 5 anos e 45,5% para as crianças de 6 a 10 anos).

Além disso, os moradores da zona rural são mais afetados de privações do que aqueles da zona urbana.