Em entrevista ao JN, Alckmin diz que PCC não existe

Estacionado nas pesquisas de intenção de votos, o candidato tucano ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin (PSDB), passou boa parte da sua entrevista no Jornal Nacional tentando sustentar a tese de que delação só vale contra adversário petista.

Alckmin JN - Reprodução

Sobre o crime organizado e a maior facção criminosa do país que expande sua atuação diretamente dos presídios de São Paulo, o PCC, o tucano disse que a segurança pública em São Paulo não tem falhas, pelo contrário, "é um exemplo".

"Não tem, não tem, não tem. Nós temos scanner, controle, penitenciária de segurança máxima antes do governo federal", disse. "Quando o Fernandinho Beira-mar, que é daqui do Rio de Janeiro, o governo não tinha onde colocá-lo, nós em São Paulo já tínhamos três penitenciárias de segurança máxima. Eu apanhei muito. (Ele) ficou dois anos lá e desapareceu", disse o ex-governador.

Alckmin negou que os líderes da facção criminosa atuem nas cadeias. "Isso aí são coisas que vão sendo repetidas e acabam virando verdade. (…) Nós temos scanner, nós temos controle, nós temos penitenciária de segurança máxima, antes do governo federal. Tem regime disciplinar diferenciado, isolamento absoluto, tanto é que nós reduzimos", garantiu

Quando questionado sobre denúncias de corrupção, crime organizado e alianças contra indicados e integrantes do PSDB, Alckmin dizia que não há provas. Segundo ele, o ex-presidente da Dersa Laurence Casagrande, preso sob acusação de superfaturamento em obras do Rodoanel, foi "injustiçado" no caso das delações sobre suposto caixa 2 em sua campanha eleitoral em 2010.

Casagrande é um dos 12 indiciados, suspeitos de terem cometido crimes de fraude em licitação, associação criminosa e falsidade ideológica. O tucano disse que tudo ocorreu "rigorosamente dentro da lei" e ao ser questionado se defender Casagrande era coerente com o discurso anticorrupção do candidato, ele respondeu: "Absolutamente coerente".

Entrevistado por Willian Bonner e Renata Vasconcellos, Alckmin ficou na defensiva boa parte do tempo. Ao ser questionado se o partido expulsaria quanto a Eduardo Azeredo, condenado pelo esquema do mensalão mineiro, Alckmin se esquivou dizendo que é a favor das investigações. Sobre Aécio, disse que a legenda 'afastou" o tucano.

"Aécio não foi condenado. Ele está sendo investigado. Vai responder para a Justiça. Não passamos a mão na cabeça de ninguém. Azeredo já está afastado da política há muito tempo. Aliás, ele vai sair do PSDB. Não precisa nem expulsar", disse. Depois de 11 anos de processo parado, Azeredo foi condenado em maio deste ano, mas até agora não se desfiliou do PSDB.

Ao final, disse que o país precisa de mudanças, mas apresentou um conjuntos de proposta que seguem o roteiro de reformas do governo Michel Temer, como a reforma da previdência e a reforma política.

Candidato com o maior número de partidos conservadores coligados, o chamado centrão, Alckmin defendeu a redução do número de legendas, mas disse que todos os partidos têm "bons quadros" e que um presidente não consegue governar sem alianças.

Alckimin também defendeu o modelo de gestão para a saúde por meio das OSs (organizações sociais), desviando dos questionamentos do Tribunal de Contas sobre desvios e superfaturamento de verbas. Segundo ele, o hospital mais bem avaliado do país é o Instituto do Câncer, um OS. "Aliás, essa é uma discussão que nós temos muito com o PT e com a esquerda radical, porque eles dizem: ‘tem que ser estatal’. Nós dizemos: ‘tem que ser público’", afirmou.