Crânio de Luzia e ossos de dinossauro podem ter resistido ao fogo

Segundo pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro parte do acervo, justamente peças mais raras e valiosas, podem ter sido salvas do fogo. Elas estariam dentro de cofres e armários de aço especiais.

Crânio Luzia

A vice-diretora do Museu Nacional, Cristiana Serejo, afirmou nesta segunda-feira (03) que há a possibilidade de que o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil, e o esqueleto do dinossauro estarem a salvo.

Cristiana estima que serão necessários, pelo menos, R$ 15 milhões para iniciar a restauração do prédio. “As pessoas foram de manhã tentar achar a Luzia, mas parece que ela estava em uma caixa e tem muito escombro. A gente não sabe se dentro dessa caixa ela possa ter resistido. Tem que haver a perícia, para liberar o prédio e os pesquisadores entrarem de fato e retirar os escombros. A parte lá de trás, do departamento de geologia e paleontologia, parece que sobrou alguma coisa”, disse.

Segundo ela, alguns departamentos guardavam peças mais valiosas dentro de cofres que podem ter resistido às altas temperaturas. “Existe [esta possibilidade]. A gente vai ter que aguardar. Mas a coleção de entomologia, de insetos, que ficava no terceiro andar, não resistiu. Isto foi uma perda gravíssima. Estava em armários compactadores, mas como desabaram, foi um impacto muito grande”, afirmou.

Especialistas reconhecem que o trabalho não será fácil, pois o interior do prédio ainda está muito quente e os dois andares superiores desabaram sobre o térreo, formando uma grossa camada de cinzas, carvão, ferros retorcidos e tijolos.

Os esqueletos de dinossauros que estavam em exposição eram, em sua maioria, réplicas, segundo o pesquisador Helder de Paula Silva, um dos responsáveis pela coleção de paleontologia. Grande parte, com maior valor científico, ficava dentro de um armário de aço compactador, que é fechado e pode resistir a impactos e a altas temperaturas, desde que não sejam extremos.

“Nós ainda temos esperança de que a coleção tenha se salvado, pois uma boa parte desse material não estava na parte que foi mais atingida, que era a da exposição, e sim na reserva técnica, dentro de armários compactadores. A maioria desses armários estava fechada, no térreo, e foi atingida por material que caiu dos andares superiores. Então não dá para saber o estado do material que estava lá dentro. Mas temos esperança de que alguma coisa tenha sido preservada em condições de ainda ser aproveitada”, disse Helder.

“O crânio de Luzia estava em uma região que foi bem atacada pelo fogo, difícil de ser acessada, e não conseguimos localizar”, contou Hélder. Já sobre as múmias egípcias, ele considerou que foram totalmente perdidas, com exceção de uma, que estava em uma sala e que talvez esteja ainda preservada.