Campanha #EleNão é apontada como fator de estagnação de Bolsonaro

A grande mídia está fazendo verdadeiro malabares para explicar a estagnação de Jair Bolsonaro, candidato a presidente pelo PSL, nas pesquisas. O ultraconservador, que ganhou um verniz mais humanizado nos últimos dias por conta do ataque sofrido em Juiz de Fora, se manteve com os 28% no levantamento do Ibope/Estadão/TV Globo, divulgado na noite dessa segunda-feira (24).

Bolsonaro - Ilustração: Amma

Na verdade, Bolsonaro tem se mantido nessa margem de erro nos últimos meses, apesar do alarde feito em torno de seus números. A realidade é que Fernando Haddad, considerado o poste indicado por Lula, mostrou a sua força e saiu da quinta posição para o segundo lugar com demonstração de consolidação.

O petista subiu três pontos percentuais e chegou a 22%, no primeiro turno. E pela primeira vez nas pesquisas, Haddad ultrapassou Bolsonaro no segundo turno, com 43% da preferência dos eleitores para Haddad contra 37% para Bolsonaro.

Uma das razões apontadas pela imprensa para explicar a “estagnação” de Bolsonaro é a campanha #EleNão, que ganhou força nas redes com adesão maciça das mulheres nas últimas semanas. O candidato, que já registrava maior rejeição entre as mulheres, está no teto de intenção de votos e não deve ultrapassar, ao que tudo indica, essa posição.

A campanha nas redes, de fato, é muito forte e ganhou repercussão internacional, com vídeos e imagens, em que o presidenciável aparece falando absurdos, como a defesa de salário menor para as mulheres, da tortura como instrumento do Estado ou cenas em que é agressivo contra parlamentares e repórteres do sexo feminino. No sábado, atos serão realziado em todo o país contra as propostas do candidato e seu discurso machista e misógino.

Na pesquisa Ibope, enquanto a intenção de voto em Bolsonaro ficou estagnada, a rejeição passou de 42% para 46%. O pior para ele foi ver a vantagem que tinha sobre Haddad derreter 18 pontos percentuais para seis, sendo que Haddad é o único candidato com tendência de alta na série de pesquisas do instituto.

Haddad ampliou a vantagem sobre o terceiro colocado, o candidato do PDT, Ciro Gomes, que saltou de 8 para 11 pontos percentuais – mesmo índice da pesquisa anterior. Geraldo Alckmin segue estagnado também na quarta colocação, com 8% das intenções de voto, enquanto Marina Silva (Rede) aparece com tendência de queda no quinto lugar, com 5%.

Mas além dessas questões, outros fatores impactaram na campanha de Bolsonaro. Seu economista, Paulo Guedes, único que fala sobre as propostas de governo, andou escancarado suas medidas na área econômica. Bolsonaro transferiu essa tarefa para Guedes, pois dizia que não sabia de tudo e que ele seria o seu homem-forte na economia.

Escolhido como eventual futuro ministro da Fazenda, Guedes defendeu a recriação do CPMF e estabeleceu uma nova tabela de imposto de renda em que o pobre pagaria o mesmo que um milionário. As propostas caíram como uma bomba e a equipe de campanha correu para afinar o discurso. Bolsonaro rebateu o próprio guru e por meio das redes socias disse que era contra o aumento da carga tributária. No domingo, Bolsonaro usou suas redes sociais para divulgar uma foto ao lado de Guedes e demonstrar harmonia com o chefe de sua equipe econômica.

O Ibope entrevistou 2.506 pessoas em 178 municípios brasileiros, entre 22 e 23 deste mês. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, o que significa nível de confiança de 95%. O registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu o número BR201006630/2018.