Haddad torna-se líder do campo democrático para imprensa internacional

Após o 1º turno das eleições, jornais do mundo todo concordam que o candidato Jair Bolsonaro (PSL) representa a extrema-direita de discursos perigosos e antidemocráticos no Brasil. Fernando Haddad (PT), por sua vez, é visto como representante do campo democrático

Por Alessandra Monterastelli

Haddad no The New York Times

Fernando Haddad (PT) enfrentará Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno das eleições presidenciais, no dia 28 de outubro.

“Especialistas e partidários dizem que uma das tarefas mais urgentes de Haddad é bloquear o ‘tsunami conservador’ de Bolsonaro, construindo uma aliança anti-Bolsonaro que se estenda por todo o espectro político”, escreveu o The Guardian nessa segunda-feira (8). Segundo o jornal britânico, para Haddad conseguir ultrapassar a onda da extrema-direita, sua missão agora é “formar uma frente democrática ampla”. A reportagem ainda alerta para como Bolsonaro pode utilizar as alianças de Haddad ao seu favor, caso um grande número de políticos conhecidos se una ao candidato do PT: acusaria Haddad de estar se unindo com o “establishment corrupto”. Um argumento imediatista típico da extrema-direita, que aconteceu também na Itália em março desse ano quando o partido xenófobo de Matteo Salvini obteve maioria: demonizar a política e os políticos, ainda que essa não solucione nada.

O norte-americano The New York Times afirmou que, “independente da alta pontuação de Bolsonaro no domingo”, o candidato do PSL “continua uma figura extremamente divisiva que alienou grandes e diversificados segmentos da população brasileira durante a sua campanha”. O jornal entrevistou a economista da USP e autora do livro “Valsa Brasileira”, Laura Carvalho. Segundo ela, o desafio de Haddad agora é focar mais na agenda econômica do Partido dos Trabalhadores e no caráter anti-trabalhador de Bolsonaro.

“Críticos de Bolsonaro e analistas políticos observaram sua ascensaão com preocupação, temendo que ele possa se tornar um líder autoritário como Recep Tayyip Erdogan, na Turquia, e Rodrigo Duterte, das Filipinas”, escreveu ainda o Times. Por fim, o jornal estadunidense lembra que Jair Bolsonaro, antes de concorrer à presidência, “pouco mostrou em seus sete mandatos no Congresso, enfrentou acusações federais por discursos de ódio, comentários homofóbicos, misóginos e racistas” e que o ex-militar “fala com admiração e nostalgia da ditadura militar no Brasil”.

O jornal espanhol El Mundo fez uma matéria focando nas declarações autoritárias e preconceituosas de Jair Bolsonaro. Segundo a reportagem, o ex-capitão “banaliza a violência”, defende a ditadura, e é responsável por diversos ataques contra LGBTs, negros e indígenas.

O francês Le Figaro fez uma extensa cobertura das eleições de domingo (8). Com quatro reportagens publicadas, com os títulos “A extrema-direita próxima da presidência”, “Eleição presidencial no Brasil: ‘Uma espécie de degeneração brasileira’”, “As declarações polêmicas de Jair Bolsonaro” e “Jair Bolsonaro, um nostálgico da ditadura que se acha o ‘salvador da pátria’”, o jornal problematiza os votos conseguidos pelo candidato do PSL, e também fala sobre a tarefa de Haddad em unificar os voto dos democratas “mantando-se fiel às ideias do PT, mas sem assustar o centro”.

O português Público está fazendo uma ampla cobertura das eleições brasileiras. Sua última matéria intitula-se: “Nordeste levou Haddad ao segundo turno, o resto do Brasil rendeu-se a Bolsonaro”. A Abril Abril também declarou a chapa de Haddad responsável pela união democrática, enquanto chamou Bolsonaro de “fascista” e o acusa de se beneficiar do “golpe parlamentar” ocorrido em 2016.

O italiano La Repubblica chamou Bolsonaro de “candidato da extrema-direita”. O Corriere Della Sera, por sua vez, escreveu: “o populista de extrema-direita busca a vitória com slogans e um programa de governo inexistente”.