Haddad diz que 'Bolsonaro só cresce na mentira' e não quer a verdade

Em entrevista à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul, o presidenciável Fernando Haddad (PT), afirmou que a negativa do candidato Jair Bolsonaro (PSL) de estabelecer um protocolo ético para as redes sociais é um “atestado de desonestidade”.

Por Dayane Santos

Haddad reunião PT - Ricardo Stuckert

“Eu entendi como um atestado de desonestidade porque se ele estivesse interessado em afastar as mentiras da internet teria aceitado a proposta. Mas como o que vem dele é justamente as mentiras ele não vai assinar protocolo ético nenhum", salientou.

Por meio de sua página nas redes sociais, Bolsonaro seguiu o roteiro das suas fake news e partiu para a agressão virtual. “O pau mandado de corrupto me propôs assinar “carta de compromisso contra mentiras na internet”. O mesmo que está inventando que vou aumentar imposto de renda pra pobre. É um canalha! Desde o início propomos isenção a quem ganha até R$ 5.000. O PT quer roubar até essa proposta”, atacou Bolsonaro.

"Vai continuar difamando e injuriando, sobretudo a Manuela que é do Rio Grande do Sul”, afirmou Haddad, se referindo a sua vice, Manuela d’Ávila (PCdoB). O presidenciável contou ela tem sido alvo dos ataques vindos da campanha de Bolsonaro.

“Ela me liga praticamente diariamente dizendo que editaram vídeo contra ela. Hoje mesmo estava falando com ela que me disse que um vídeo que já tinha 60 mil visualizações. Como a gente sabe de onde vem a gente sabe que ele [Bolsonaro] não tem interesse em assinar porque ele só cresce na mentira. Não cresce falando a verdade”, repeliu.

Haddad também rebateu os fake news oficiais de Bolsonaro, que o acusa de espalhar o terror no Nordeste sobre medidas econômicas que sua campanha pretende tomar, caso seja eleito. “E isso não é verdade”, disse o presidenciável.

“O aumento de imposto de renda foi a Folha de S. Paulo que publicou em manchete. Se o ouvinte pesquisar no Google vai ver que a proposta do Paulo Guedes para o imposto de renda era uma alíquota única para todo mundo de 20%, ou seja, a alíquota para quem paga menos de 20% ia aumentar e a alíquota para quem paga mais de 20% ia diminuir. A menos que a Folha tenha mentido, nós simplesmente divulgamos uma notícia publicada pela Folha que não foi desmentida pelo economista da campanha do meu adversário”, enfatizou.

Haddad lembrou que o mesmo aconteceu com a proposta da CPMF, que foi anunciada pelo Paulo Guedes, economista e eventual ministro da Fazenda de Bolsonaro, que adiantou a proposta em entrevista a grandes jornais de circulação de São Paulo.

“A ideia de cortar o 13º foi do vice dele [general Hamilton Mourão do PRTB] que disse que o 13º era ruim para o país. Então ele pode questionar a imprensa”, rebateu.

Haddad voltou a criticar o discurso de ódio e intolerância que tem criado um ambiente de agressões e até mortes. “O mestre de capoeira na Bahia tomou 12 facadas por um correligionário de Bolsonaro contrariado com a opinião dele. Se vocês da imprensa não alertarem para o que está acontecendo no país, depois pode ser tarde demais”, advertiu o candidato petista.

Haddad avaliou como positivo o resultado das eleições para o parlamento. “O principal dado para nós é que elegemos a maior bancada na Câmara dos Deputados. O PT continua sendo o maior partido do país e o que tem a maior preferência do eleitorado”, salientou.

Sobre o segundo turno, ele reafirmou que é uma eleição em que se confronta dois projetos. “O nosso projeto é um estado de bem-estar social que provê ao cidadão com os seus direitos a educação, saúde e a segurança pública. Nós entendemos que a segurança é um direito social, tanto quanto educação e saúde”, defendeu.

Haddad também destacou que a proposta de seu governo é assumir as atribuições de parte da segurança pública, que atualmente é exclusiva dos governos estaduais por determinação da Constituição.

“A polícia federal vai aumentar o seu desempenho no país com um novo contingente. Nós entendemos que é errado a população cuidar da sua própria segurança se armando. A população não vai ganhar nada se armando”, destacou.

Sobre a questão econômica, Haddad disse que para retomar emprego vai “reverter as medidas do governo Temer que foram aprovadas com apoio do partido de Bolsonaro”.

“Nós vamos reverter as medidas do governo Temer, aumentando o salário mínimo acima da inflação. Retomando obras públicas paradas em função do teto de gastos. Diminuindo imposto de quem ganha até cinco salários mínimos e fazendo uma reforma bancária, porque um os maiores problemas do país é o juro que cobrado do tomador final que não consegue investir ou ter lucro suficiente para pagar o juro que o banco cobra”, pontuou.