O universo mundial alagoano de Hermeto Pascoal 

Natural de Lagoa da Canoa, aos 82 anos ele foi o único brasileiro a conquistar o prêmio Grammy Latino concorrendo com artistas estrangeiros.

Hermeto Pascoal

“Minha cabeça é universal. Não nasci para tocar só clássico ou só jazz. Quem anda sempre na linha é trem”. A frase é do multi-instrumentista alagoano Hermeto Pascoal, o grande vencedor do 19º Grammy Latino em categorias gerais com o álbum Natureza Universal. O prêmio foi conquistado no dia 15 de novembro de 2018, em Las Vegas, nos Estados Unidos. Em 2018 ele lançou um disco sobre o forró. Os álbuns projetam aquilo que o alagoano, natural de Lagoa da Canoa, sempre transmitiu sobre a música: ela é universal.

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Aos 82 anos, Hermeto Pascoal foi o único brasileiro a ganhar o Grammy Latino – a maior premiação de música da América-Latina – concorrendo com artistas estrangeiros. Expoentes como Chico Buarque e Lenine venceram nos prêmios voltados apenas para música brasileira. O álbum Natureza Universal foi gravado em 2017 com big band e contém 11 músicas de autoria do próprio artista, a exemplos de Brasil Universo, Choro Árabe, De Cuba Lanchando, Pirâmide e Som do Sol. A mistura musical é de dramaticidade, complexidade e bom-humor.

Desde muito pequeno, Pascoal já sabia que seria músico. Menino prodígio, os sons da natureza fazem parte da sua formação como instrumentista. Era à beira da lagoa, no Agreste alagoano, que ele se aproveitava do ambiente para produzir. Quem imaginaria que a água poderia se transformar em ferramenta musical? Pois Hermeto Pascoal tocava com a água por horas. Ele próprio conta que se utilizava do cano da mamona de jerimum para fazer um pífano. E neste instrumento improvisado ele tocava para os passarinhos. Até as sobras dos materiais do seu avô ferreiro ele pendurava no varal de casa e ali mesmo tocava.

O alagoano é reconhecido e respeitado internacionalmente desde a década de 1970, sendo a sua apresentação em 1979 no festival de Montreux, na Suíça, uma das provas deste reconhecimento. Hermeto é mestre em mais de oito instrumentos musicais. Ele faz de qualquer objeto um apetrecho possível de produzir sons harmônicos, desde água, até chaleiras, brinquedos de plásticos e latas. Muito popular nos EUA e na Europa, Pascoal coleciona mais de 10 mil músicas e 35 discos ao longo da carreira, iniciada em 1950, aos 14 anos, quando tocava em festas de aniversários e casamentos.

Ainda em 2018, o artista alagoano lançou o disco Hermeto Pascoal e sua Visão Original do Forró. O álbum surge no mercado quase 20 anos depois de gravado em 1999 contendo os sons da sanfona, fole de oito baixos, zabumba e triângulo. O forró, segundo ele, é aquele aprendido em Lagoa da Canoa, onde viveu até os 14 anos antes de se mudar para o Recife. Sobre o álbum, ele diz: “Não é apenas para escutar, mas também para dançar”. Com uma longa carreira, pode-se dizer que não há mais objetos a serem tocados por Hermeto Pascoal? O que não pode mesmo é duvidar da sua criatividade e poder de improvisação. Agora, é aguardar a próxima invenção.

Fonte: O Portal do Sistema Opinião