Vladimir Safatle: "Nós, o lixo marxista"

"Quando Jair Messias fala que irá lutar contra o lixo marxista nas escolas, nas artes e nas universidades, entendam que essa luta será a mais importante de seu governo, a única condição de sua sobrevivência. Pois ele sabe de onde pode vir seu fim depois de ficar evidente o tipo de catástrofe econômica e social para a qual ele está nos levando", diz o filósofo Vladimir Safatle, no artigo "Nós, o lixo marxista"

Marx 200 anos

Em artigo publicado nesta sexta-feira (4) no jornal Folha de S. Paulo, o filósofo e escritor Vladimir Safatle afirma que enquanto uma das primeiras medidas do novo governo foi diminuir o valor previsto do aumento do salário mínimo, "mostrando assim seu desprezo pela sorte das classes economicamente mais vulneráveis, o sr. Jair Messias convocava seus acólitos à grande cruzada nacional para lutar contra o socialismo, retirar das escolas o lixo marxista e impedir que a bandeira brasileira seja pintada de vermelho".

As referências em relação a socialismo, marxismo e bandeira vermelha estiveram presentes em declarações paranoicas de Bolsonaro em seu discurso de posse e em postagens de sua conta pessoal do Twitter. Em uma delas, Bolsonaro afirma: "Uma das metas para tirarmos o Brasil das piores posições nos rankings de educação do mundo é combater o lixo marxista que se instalou nas instituições de ensino…"

"Alguns podem achar tudo isso parte de um delírio que normalmente acomete leitores de Olavo de Carvalho. Mas gostaria de dizer que, de certa forma, o atual ocupante da Presidência tem razão.
Sua sobrevivência depende da luta contínua contra a única alternativa que nunca foi tentada neste país, que nunca se acomodou nem às regressões autoritárias que nos assolam nem aos arranjos populistas que marcaram nossa história", afirma Safatle em seu artigo.

O filósofo argumenta que a sociedade brasileira tem o direito de pensar numa alternativa socialista. "A sociedade brasileira tem o direito de conhecê-lo, de pensar a seu respeito, de tentar aquilo que nunca conheceu sequer a sombra. Ela tem direito de inventá-lo a partir da crítica e da autocrítica do passado."

"Mas contra isso é necessário calar a todos que não se contentam com a vida tal como ela nos é imposta por essa associação macabra de militares, pastores, latifundiários, financistas, banqueiros, iluminados por deus, escroques que tomaram de assalto o governo e que sempre estiveram dando as cartas, de forma direta ou indireta", pondera Safatle.

Clique aui para ler a íntegra do artigo