‘Lava-Jato’ é alvo de críticas na Câmara dos Deputados

Parlamentares citaram a lentidão e a ação de subserviência do Parlamento aos outros Poderes e o revés institucional que tem se revelado no país

De acordo com Jerry, muito além de um debate ideológico, a nova ordem que vem se estabelecendo no Brasil fomenta o diálogo sobre a tentativa de desmonte da Constituição Cidadã de 1988 - Ana Oli
O modelo de ameaça e coação que têm se estruturado no Brasil desde a instauração da Operação Lava-Jato foi alvo de críticas de parlamentares durante reunião deliberativa da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, na manhã desta quarta-feira (3)

Classificada como um “castelo de areia, uma ilusão construída com excelentes assessores de imprensa” pelo ex-ministro da Saúde e atual deputado federal eleito pelo Paraná, Ricardo Barros (PP), o parlamentar cobrou a responsabilidade da Comissão em discutir questões, realizar convites, processos de audiência pública, para acelerar processos de convocação realizados pela Casa e cobrar providências. Ricardo Barros criticou a lentidão e a ação de subserviência do Parlamento aos outros Poderes e o revés institucional que tem se revelado no país.

“Não é invertendo o ônus da prova, sequestrando bens e obrigando as pessoas a provarem que os adquiriram legitimamente. Cabe ao Judiciário provar a culpa e não ao cidadão provar que não tem culpa”, defendeu Barros. “Vamos parar de brincar, de ficar jogando para a plateia, de fazer fumaça. A Lava-Jato enterrou o país, 10% do PIB nós perdemos, porque não quis fazer leniência”, apontou.

Em apoio ao deputado paranaense, Márcio Jerry (PCdoB-MA) afirmou que o pronunciamento do parlamentar continha um importante alerta sobre a tentativa de desconstrução dos espaços e poderes democraticamente instituídos no país. “O espaço fundamental sobre o qual se erige a democracia é a política. Não podemos aceitar passivamente que haja esse processo de desqualificação, de criminalização e de esmagamento da atividade política democrática em nosso país. É preciso o reposicionamento da harmonia entre os poderes, nenhum sobrepondo o outro. Não podemos achar natural, normal que haja um partido da Lava-Jato, assim estruturado”, criticou.

De acordo com Jerry, muito além de um debate ideológico, a nova ordem que vem se estabelecendo no Brasil revela uma tentativa de desmonte da Constituição Cidadã de 1988, atualmente “atacada e sob ameaças permanentes”, definiu.