Governo Bolsonaro completa 100 dias de desordem e desmonte do estado
O governo do capitão Jair Bolsonaro chega aos cem dias nesta quarta-feira (10) com uma sensação de crise permanente e ataques sistemáticos contra a oposição, sobretudo nas redes sociais. Sem um projeto claro à nação, o governo levou o país a uma grave crise econômica com o desemprego atingindo mais de 13 milhões de trabalhadores.
Por Iram Alfaia
Publicado 09/04/2019 21:53

Segundo levantamento do jornal Correio Braziliense, foram 28 crises que se desenrolaram por 40 dias, uma média de duas confusões por semana, sem contabilizar a queda recente de Ricardo Vélez da pasta da educação, o segundo ministro a ser demitido. Aliás, a área de educação vive um verdadeiro caos.
Bolsonaro já é o mais impopular entre os presidentes (Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma) que foram eleitos para o primeiro mandato a partir de 1989.
O governo iniciou o mandato provocando um verdadeiro desmonte nos programas sociais como Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família e o Mais Médicos, sendo que este último, irresponsavelmente, provocou a retirada do país de aproximadamente quatro mil médicos cubano que garantiam atendimento básicos às famílias de baixa renda dos mais distantes locais do país.
Além disso, atacou diretamente o setor produtivo com o fim dos ministérios da Indústria e do Trabalho, símbolos do processo de industrialização brasileira. Reduziu em R$ 8,0 o valor do salário mínimo que pode significar este ano R$ 5 bilhões a menos na economia.
Indígenas, Previdência e Ciência
Contra os povos indígenas, Bolsonaro publicou decreto retirando a Fundação Nacional do Índio (Funai) do Ministério da Justiça para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. O ato também retirou da Funai a atribuição de demarcar as terras indígenas, repassando a responsabilidade para o Ministério da Agricultura, hoje sob comando de Tereza Cristina (DEM), que liberou indiscriminadamente agrotóxicos.
Para acabar com a aposentadoria pública dos brasileiros e migrá-la ao sistema bancário privado, o governo elegeu como prioritário o projeto de emenda constitucional da reforma da previdência.
Para isso, passou a ignorar que o chamado rombo nas contas públicas está no sistema da dívida pública e não na Previdência.
O governo de Bolsonaro prejudicou substancialmente também a área de ciência e tecnologia com um contingenciamento de 42% dos recursos para o setor. A medida atingiu em cheio o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), subordinado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Segurança
Na chamada agenda de segurança, o governo Bolsonaro colocou em risco a vida dos brasileiros ao flexibilizar por decreto a posse de armas de fogo no Brasil, uma medida anticonstitucional.
Nessa área ainda a imprensa internacional tratou como escândalo a escolha de Sérgio Moro para comandar a pasta do Ministério da Justiça, juiz que levou Lula à prisão e abriu caminho para a vitória eleitoral de Bolsonaro.
Na condição superministro. Moro apresentou ao Congresso o chamado projeto de lei anticrime sob a alegação de endurecer o combate ao crime e à corrupção no país.
No entanto, juristas e especialistas na área dizem que o projeto pode agravar a violência policial, o encarceramento em massa e das perseguições contra adversários políticos, principalmente dos
movimentos sociais.
Internacional
Outro ponto vulnerável do governo é atual política externa. Sem qualificação para o cargo, o chanceler Ernesto Araújo e o próprio Bolsonaro causam problemas constantes para imagem do país.
O governo, por exemplo, declarou sua intenção de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que levou de imediato a Arábia Saudita a descredenciar cinco frigoríficos brasileiros que exportam para o país.
Numa posição de subserviência aos Estados Unidos, bem evidente na viagem presidencial àquele país, o governo coloca em risco o agronegócio. A China, nosso principal parceiro comercial, já admite deixar de comprar produtos brasileiros.
Avaliações
“Algumas coisas foram feitas em desfavor do Brasil. Outras a gente percebe que não há convicção por parte dele próprio. Ou seja, a população já sabe quem é Bolsonaro, por isso nesses 100 dias ele é o mais impopular entre todos os demais que foram eleitos na democratização do país”, disse o líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Daniel Almeida (PCdoB-BA).
Segundo o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), os 100 dias do governo têm como marca o improviso, a desorganização e a tentativa de intimidar os movimentos sociais, principalmente o sindical. “Trata-se de um governo atrapalhado, sem rumo, caminho e estratégia (…) Bolsonaro mostra que ainda não saiu do palanque”, afirmou.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), define que nem os mais pessimistas poderiam imaginar que o Brasil estaria vivendo um momento como este.
“Sem projeto para o País, o governo apoia-se em um viés fortemente autoritário, investe contra a soberania e constrange o Brasil. É um governo que vai se inviabilizando na prática”, diz o senador.