Agência ligada a CIA faz acordo sobre Amazônia com governo Bolsonaro
A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), que desde sua criação possui ligação com a CIA, a agência de inteligência americana, assinou com o Governo de Jair Bolsonaro (PSL) uma declaração de intenção que prevê a criação de um fundo de US$ 100 milhões, cerca de R$ 387 milhões, destinados às empresas privadas que desenvolvam “uso sustentável de produtos florestais madeireiros ou não madeireiros” na Amazônia.
Publicado 14/04/2019 10:45
Ainda reflexo da viagem de Bolsonaro aos EUA, o acordo foi feito, em Washington, capital dos Estados Unidos, pelo secretário de Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Roberto Castelo Branco Coelho de Souza.
Segundo nota do MMA, a ideia do Fundo é oferecer empréstimos de longo prazo principalmente para empresas privadas da região. “Futuramente o fundo poderá também ser captado por empreendedores de outras regiões do Brasil e da América Latina”, diz
“Além da criação do fundo de investimento, a declaração prevê a colaboração bilateral para compartilhar tecnologias de informações geoespaciais, monitoramento e sistemas de alerta, para ajudar os tomadores de decisão brasileiros a enfrentar os desafios ambientais, que incluem secas, incêndios, degradação da terra, desmatamento e desertificação”, diz trecho da carta de intenção que não foi disponibilizada na íntegra.
“Queremos financiar atividades privadas. Não é governo nem ONG”, afirmou ao jornal Valor o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, antes da assinatura da carta.
Prosseguiu: “Pensamos que seja uma boa iniciativa trazer para o mercado pessoas que têm bons projetos, boas ideias, mas não tem recursos. Não é doação. O empreendedor é responsável pela devolução de recursos”.
Interesses geopolíticos
O problema é que a presença da Usaid em várias partes do planeta tem gerado polêmica, principalmente por causa dos seus interesses geopolíticos.
Segundo o site WikiLeaks, entre os anos de 2004 e 2006, a organização realizou diversas ações na Venezuela, e fez uma doação de US$ 15 milhões de dólares a dezenas de organizações civis. O objetivo, segundo as informações, era derrubar na época o Governo de Hugo Chaves.
No Peru, nos anos de 1990, doou US$ 35 milhões à campanha de Alberto Fujimori, presidente que levou a economia daquele país ao caos.
No Brasil, a entidade já atuou em apoio à ditadura militar no treinamento de policiais dos estados mais populosos e instalação de sistemas de comunicação, segundo informa documento guardado no Arquivo Nacional, em Brasília.
Ou seja, trata-se de um órgão auxiliar para ajudar na implementação da política externa do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.