Miriam Leitão comenta destempero de Guedes contra Jandira Feghali

Colunista diz que ministro não tem como responder a questionamento da deputada. 

Em sua coluna no jornal O Globo, a jornalista Miriam Leitão diz que a capitalização na proposta de "reforma" da Previdência Social só atrapalha o debate do tema. O projeto ainda não foi feito, só tem linhas gerais, mas não há apresentação do ministro Paulo Guedes em que ele não gaste a maior parte do tempo falando dela, diz ela. E como não há resposta para a questão-chave “quanto custa a transição”, a discussão fica ociosa, afirma. "Sempre que ela é feita, a resposta vem em forma de generalidades, como a de que temos que tirar os jovens do avião que está caindo", diagnostica.

Miriam Leitão lembra que desta vez a pergunta do custo da transição foi feita pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). "E o número não veio, até porque não existe. Como a parlamentar havia criticado o desemprego, entre outros pontos da crise, houve a primeira das alterações do ministro, atacando 'quem ficou no poder por 16 anos'. A propósito, a conta só dá 16 anos se não se separar o governo Dilma do de Temer. Mas evidentemente ninguém tira do ministro da Economia a razão: este desemprego não é do atual governo, que acabou de chegar. Quem conhece economia sabe o que houve", afirma.

Mérito

Não foi só isso que o ministro disse; ele descambou para o terreno das provocações ideológicas, sem argumentos para responder à deputada. A insinuação de Miriam Leitão de que a responsabilidade do caos na empregabilidade também não procede; a economia começou a descarrilar quando a marcha golpista foi deflagrada, ainda no governo Dilma Rousseff.

Mas ela volta ao mérito da questão ao afirmar que o ministro "precisa segurar seus nervos". "Para a oposição, é trabalho fácil tirá-lo do sério. O deputado Marcelo Ramos (PR-AM), presidente da Comissão Especial, teve que chamar a atenção de Guedes pelo menos duas vezes. Numa delas, Paulo Guedes afirmou que o 'padrão da casa' era a baixaria depois das 18h. Sair do foco da reforma, e ir para a briga política, é inútil, dado que o país não está em período eleitoral", afirma sobre as atitudes tresloucadas do ministro.