PCdoB apresenta emendas para assegurar direitos dos trabalhadores

A Bancada do PCdoB apresentou seis emendas para modificar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, que trata da Reforma da Previdência. O prazo terminou na noite de quinta-feira (30). Ao todo, a proposta recebeu 277 emendas.

Por Christiane Peres, do PCdoB na Câmara

Daniel Almeida - Richard da Silva/PCdoB na Câmara

A maioria delas, é a favor de manter como é hoje o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos carentes, e suavizar mudanças na aposentadoria rural e dos professores. Esses também foram alguns dos pontos das emendas apresentadas pelos comunistas. Além deles, os parlamentares querem ainda retomar para 15 anos o tempo de contribuição, rever a idade mínima para mulheres e o abono salarial.

“Queremos devolver os direitos relacionados à Previdência dos trabalhadores. A PEC pretende mudanças inaceitáveis. Ela praticamente impede o acesso à Previdência rural àqueles que trabalham sob o regime de economia familiar e também dos que atuam como autônomos em atividades rurais, por exemplo. Vamos lutar para aprovar essas e outras modificações”, afirmou o líder comunista, deputado Daniel Almeida (BA).

Para os comunistas, a PEC defendida pelo governo Bolsonaro “subtrai direitos de segmentos sociais situados entre os mais pobres” e, ao agir assim, “ignora o objetivo da justiça social que ordena todo o Título da Ordem Social da Constituição Federal”.

“As políticas sociais que a reforma quer desmontar são mecanismos políticos/institucionais, conquistas históricas pela força dos movimentos sociais e políticos, visando a proteção e promoção social. Hoje, correspondem a uma fração considerável do gasto público, daí porque estão no centro da disputa na divisão dos fundos públicos. Em um país tão desigual como o Brasil, essas políticas estruturam as condições básicas de vida da população, reduzindo a pobreza e a desigualdade”, aponta trecho da justificativa da emenda que trata do tema.

O PCdoB quer ainda retirar da PEC 6 os trechos relacionados à desconstitucionalização das regras previdenciárias e os relacionados ao novo regime de capitalização. A legenda quer ainda condicionar a possível entrada em vigor das novas regras à realização de um referendo.

Com a desconstitucionalização das regras, o governo Bolsonaro pretende tornar mais flexível o processo de alterações futuras da Previdência. “O direito previdenciário se realiza após uma vida laboral e não pode estar submetido à insegurança jurídica pretendida”, explica trecho da emenda.

Para os comunistas, qualquer pretensão de alterar as regras previdenciárias precisa ser exercida sem a desconstitucionalização dos direitos, resguardando o acesso aos benefícios e as regras do seu financiamento.

“O governo quer que a sociedade abra mão de todos os seus direitos e de todas essas conquistas sociais e econômicas para privilegiar o sistema financeiro. Querem instituir o regime de capitalização, onde não há repartição de renda, nem garantia de direitos e ou do valor dos benefícios. Com a capitalização, o valor do benefício depende do volume de poupança que o trabalhador conseguiu fazer, dos rendimentos dessas aplicações e da sobrevida do trabalhador ao usufruir da sua aposentadoria. Como cada um poupa de acordo com a sua capacidade econômica, para os mais pobres não haverá saída”, alerta a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Agora, as emendas serão analisadas pelo relator da matéria, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). O parlamentar já afirmou que deve entregar o relatório antes do prazo final, 15 de junho. Após análise da comissão especial, o texto ainda precisa passar por deliberação no Plenário da Câmara, onde, para ser aprovado, precisará do apoio de, no mínimo, 308 deputados, em dois turnos. Caso seja aprovado, segue para deliberação no Senado.