Bolsonaro, odioso e truculento

A demissão do presidente do BNDES, Joaquim Levy, é mais um episódio de truculência e despreparo do governo Bolsonaro.

Por Luciano Siqueira*

Bolsonaro - Foto: Marcos Corrêa/Abr

Além do anúncio público, pelo próprio presidente, de que Joaquim Levy estaria “com a cabeça a prêmio“ por ter escolhido para o cargo de direção no Banco um servidor dos governos liderados pelo PT, nenhuma consideração para com o outrora considerado super ministro da Economia, Paulo Guedes.

Parece coisa de quem bate boca no boteco da esquina sobre a rodada de fim de semana de um campeonato de futebol. Tudo emocional e sem fundamento na realidade concreta.

Joaquim Levy é um homem do mercado. Nessa condição, tanto serviu a governos democráticos sob hegemonia de um partido de esquerda, como agora esteve em alto escalão do governo de extrema direita.

É um quadro que pensa e age tendo como referência os interesses do capital financeiro e não um projeto de país.

Tecnicamente competente, mostra-se inteiramente comprometido com agenda ultraliberal de Bolsonaro. Mas ao capitão pesa mais a destilação permanente do seu ódio antipetista, com que se identifica fielmente à sua base reacionária mais extremada.

Assim, em condições normais de temperatura e pressão, não haveria motivo para que Levy fosse demitido, muito menos da forma desrespeitosa como foi.

Paulo Guedes, mesmo enfraquecido publicamente, certamente apresentará ao presidente um substituto para presidência do BNDES com o mesmo perfil de Levy.

E assim o país segue a angústia de uma das páginas mais retrógradas de sua história recente, sob o comando de um presidente que, conforme diagnosticou a revista The Economist (porta-voz qualificado do capital financeiro internacional), “não tem noção da dimensão do cargo que ocupa“.

Ai de ti, República!