Erika Marena, que aparece na Vaza Jato, perde ação contra blog

Ex-chefe das operações da Polícia Federal na Lava Jato no Paraná, a delegada Erika Marena tem protagonizado uma cruzada particular contra o blog do jornalista Marcelo Auler. No mais recente episódio, a representante da lei perdeu mais uma ação.

Erika Marena - Elza Fiuza/Agência Brasil

Nas conversas reveladas pela revista Veja, em parceria com The Intercept Brasil, o nome da delegada aparece num dos diálogos. Com o intuito de manter a operação em Curitiba, o então juiz Sérgio Moro pediu que uma planilha com nomes de políticos não fosse apresentada de imediato. Ele enviou enviou as investigações para o ministro Teori Zavascki sem incluir uma planilha em que aparecia o nome de parlamentares, o que levaria o caso para o STF. Em um diálogo entre integrantes da "lava jato", a delegada Erika Marena diz que não protocolou a planilha no sistema a pedido do ex-juiz.

Erika buscava ser indenizada por Auler por reportagens publicadas no blog. Os textos em questão relatavam que ela liderava uma oposição à nomeação como ministro da Justiça de Eugênio Aragão pela presidente Dilma Rousseff em 2016. Isso porque Aragão seria contra o uso de vazamentos, tática vastamente utilizada pela força-tarefa da operação.

A 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Curitiba reformou decisão inicial e entendeu que Auler apenas fez relato jornalístico com base em dados e fatos que demonstrou ter.

Marena entrou com embargos de declaração, mas 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais decidiu no dia 29/6 que a decisão está fundamentada e que a delegada busca na verdade rediscutir fatos e provas, o que é vedado neste tipo de recurso.

Segunda temporada

Esta não é a única briga entre Marena e Auler. A delegada tem um processo contra o jornalista por calúnia e difamação por ter dito, em uma reportagem, que ela manteria uma boa relação com jornalistas — vazando informações de investigações.

Em fevereiro de 2016, a revista Carta Capital publicou reportagem de Auler na qual ele aborda os vazamentos de informações por integrantes da força-tarefa da "lava jato" a jornalistas. No texto, o repórter afirma que Érika — que reivindica o batismo da operação — adota a tática "de corpo e alma".

"Segundo um colega, ela [Érika] costuma compartilhar com jornalistas as ‘operações de vulto, que abranjam pessoas relevantes política e economicamente, inclusive, por meio de vazamentos’", diz.

Censura judicial

Pela mesma reportagem na Carta Capital, Érika Marena moveu ação cível pedindo indenização de R$ 100 mil e que o texto fosse retirado do ar. Mas o requerimento foi negado. A juíza Carolina Fontes Vieira, do 8º Juizado Especial Civil de Curitiba, entendeu que os fatos divulgados são de interesse público e não extrapolaram os limites da liberdade de expressão.