Publicado 23/07/2019 12:28

O movimento pró-Inpe também rechaça cortes no orçamento do instituto, que chegou a perder 32,5% dos recursos anuais após contingenciamento do governo. A informação é do site O Vale.
Parte da verba foi recuperada após gestão junto ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes.
Na segunda-feira (22), o governo anunciou um novo bloqueio de R$ 1,4 bilhão do orçamento federal, mas não apontou de quais ministérios a verba pode ser retirada.
A reação pró-Inpe ganhou impulso neste final de semana após entrevista de Bolsonaro à imprensa estrangeira, na sexta-feira, quando ele classificou como "mentirosos" dados do Inpe sobre o desmatamento da Amazônia. Os dados são internacionalmente reconhecidos por sua qualidade.
Além disso, Bolsonaro também insinuou que o diretor do Inpe, Ricardo Galvão, no cargo desde setembro de 2016, teria ligação com ONG: "Mandei ver quem está à frente do Inpe. Até parece que está a serviço de alguma ONG, o que é muito comum", disse o presidente.
No último domingo, em carta endereçada ao ministro Pontes, 21 membros da comunidade científica brasileira defenderam o Inpe.
Falhas
Entre os que subscrevem o texto, estão Osvaldo Luiz Leal de Moraes, do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), e Antonia Maria Ramos Franco Pereira, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
"Acreditamos que o Senhor Presidente está mal informado sobre o processo envolvido na coleta de dados científicos, sobre os mecanismos de aferição da confiabilidade e transparência dos dados", afirmaram.
E criticaram as insinuações de Bolsonaro sobre manipulação de dados.
"Como qualquer atividade humana, os dados poderiam ter falhas. No entanto, os mecanismos de controle e da validação dos dados asseguram que a existência de falhas seja rapidamente corrigida e quando publicadas sejam confiáveis. Dados científicos não devem ser passíveis de manipulação para atender conveniências políticas."
Eles ainda reforçaram a "integridade" de Galvão, disseram que o currículo dele pode ser conferido na internet e concluíram cobrando promessa de Bolsonaro de priorizar a área de tecnologia.