Indígenas relatam morte violenta do chefe Emyra Wajãpi

Em nota distribuída neste domingo (28), o Conselho das Aldeias Wajãpi (Apina) informou que o chefe Emyra Wajãpi foi morto de forma violenta próximo a aldeia Marity, no final da tarde de segunda-feira (22). Segundo o comunicado, somente na manhã deste domingo (28) um grupo de policiais federais e do BOPE chegou ao local para prender os invasores.

Waijãpi - Agência Brasil

“Isso é o que sabemos até agora. Quando tivermos mais informações faremos outro documento para divulgação”, diz o final da nota feita no posto Aramirã – Terra Indígena Wajãpi.

Sobre o assassinato, o Apina explicou que não houve testemunha e só foi percebida e divulgada para todas as aldeias na manhã de terça-feira (23). Nos dias seguintes, parentes examinaram o local e encontraram rastros e outros sinais de que a morte foi causada por pessoas não-indígenas, de fora da Terra Indígena.

Na sexta-feira (26), os Wajãpi da aldeia Yvytotõ, que fica na mesma região, encontraram um grupo de não-índios armados nos arredores da aldeia e avisaram as demais aldeias pelo rádio. À noite, os invasores entraram na aldeia e se instalaram em uma das casas, ameaçando os moradores.

Os moradores do Yvytotõ fugiram com medo para outra aldeia na mesma região (aldeia Mariry) e informaram a Funai e o Ministério Público Federal (MPF) sobre a invasão. Moradores da aldeia Karapijuty avistaram um invasor perto de sua aldeia.

Na tentativa de apressar a chegada da Polícia Federal (PF), eles começaram a avisar aos aliados políticos sobre o problema. Os representantes da Funai chegaram ao local neste sábado e foram até a aldeia Jakare entrevistar parentes do chefe morto, que se deslocaram até lá.

“Os representantes da Funai voltaram para Macapá para acionar a Polícia Federal. Os guerreiros wajãpi ficaram de guarda próximo ao local onde os invasores se encontram e nas aldeias que ficam na rota de saída da Terra Indígena. Durante a noite, foram ouvidos tiros na região da aldeia Jakare, junto à BR 210, onde não havia nenhum Wajãpi”, diz outro trecho da nota relatando momentos tensos na região.