Educação mede forças com Jair Bolsonaro

A batalha contra o desmonte da educação pública ganhou mais um capítulo. Professores, estudantes e demais trabalhadores foram às ruas neste 13 de agosto para protestar novamente contra os cortes do governo federal na educação. Convocada pelos movimentos estudantis, e realizada em 38 cidades de 18 estados, esta foi a terceira mobilização nacional em favor da pasta desde que Bolsonaro tomou posse.

13A na Candelária - Pedro Rocha
   

O primeiro Tsunami da Educação, como vêm sendo chamadas essas mobilizções, aconteceu em 15 de maio. A segunda no dia 30 do mesmo mês. Entre as pautas dos manifestantes, além do fim da política de austeridade imposta pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, a Reforma da Previdência também foi alvo dos protestos.

A mobilização dos atos começou logo nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (13). Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Bahia, Sergipe e Alagoas foram alguns dos estados que registraram manifestações.

Na capital carioca, os cerca de 40 mil manifestantes se concentraram na Igreja da Candelária a partir das 17 horas. Depois, caminharam até as fachadas do prédio da Petrobrás e do BNDES, onde gritaram palavras de ordem em defesa do pré-sal e da soberania nacional. Para o presidente da Unuião Estadual dos Estudantes no Rio de Janeiro (UEE-RJ), Eduardo Campos, "é importante conjugar a luta da Educação e da defesa de nossa soberania, defendemos os royalties do petróleo para a Educação". 

Conforme noticiado nos últimos dias, o governo retirou R$ 16 milhões do orçamento bloqueado da UFRJ e repassou os recursos para emendas parlamentares. O revés não se restringiu à maior universidade federal do país. O Projeto de lei do Congresso Nacional nº 18/2019 liberou nesta semana R$ 3 bilhões de vários ministérios para projetos indicados pelos deputados. De acordo com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, a ideia é pressionar os deputados em suas bases. “Vamos fazer manifestações na praça, no coreto da cidade em que eles têm mais votos, espalhar cartazes mostrando que são contra a classe trabalhadora”, analisou.

"Fature-se"

Entre falas e discursos das centrais sindicais, o protagonismo do ato ficou com os movimentos estudantis e suas ramificações. Ao contrário de manifestações anteriores, onde parlamentares falavam ao público, os estudantes foram os donos da palavra no carro de som. Em cima do carro de som, a maioria dos estudantes ressaltou que no último dia oito o Conselho Universitário da UFRJ rejeitou de forma unânime a adesão ao Programa “Future-se”. Decisão que deve ser seguida pelas demais universidades. Para o presidente da UNE, Iago Montalvão, “Nossas universidades pedem socorro e só nossa luta organizada poderá dar resultados’’. Para ele, o programa é uma forma de privatização, e poderia até se chamar “fature-se”.

Para a estudante Ana Bia, do coletivo estudantil Kizomba, “a adesão popular ao ato foi surpreendente. Conseguimos fazer oposição aos cortes, ao governo Bolsonaro, mas, sobretudo notamos que os atos pela educação conseguem trazer a participação dos demais trabalhadores, que se sentem também prejudicados”. “Esse é um processo construído a muitas mãos. A unidade nas ruas se faz necessária”, completou.