Deltan e Moro fizeram looby junto a Bolsonaro para nomear Aras na PGR

Novo vazamento divulgado nesta setxa-feira (16) pelo portal UOL, em parceria com o The Intercept Brasil, revela que o procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, fizeram lobby junto a Jair Bolsonaro para indicar Vladimir Aras para o cargo de Procurador-Geral da República (PGR) no lugar de Raquel Dodge. As conversas aconteceram logo após as eleições.

Deltan e Moro

Para o deputado Orlando Silva, quando o poder é demasiado vira problema. “Há sempre risco de querer mais, o céu é o limite. Nunca é demais lembrar dos versos de ‘A banca do distinto’: Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco", disse.

Os diálogos começaram antes das eleições e continuaram após Bolsonaro ser eleito. Sergio Moro, então juiz da Lava Jato, já era dado como próximo de Bolsonaro. "Fala com Moro sobre minha candidatura a PGR", escreveu Vladimir Aras às 13h22 de 11 de outubro de 2018. "Com bolsonaro eleito, vou me candidatar", completou.

Aras diz que já conversou com Moro sobre sua candidatura e destaca a proximidade dele com Bolsonaro às 14h20. "Ele já tem prestígio agora", cita. Deltan então se mostra otimista: "conseguimos articular sua indicação", diz. "Temos várias pessoas para chegar lá". E completa: "Várias pessoas que se associaram a nós na luta contra a corrupção".

Aras também pediu que Dallagnol o apresentasse a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Vc poderia me apresentar a Barroso e Fachin?”, questionou. “Preciso de aliados no STF”.
Dallagnol dá sinal de positivo e deixa claro que fará contato com Edson Fachin, relator dos processos ligados à operação na Corte, e Luís Roberto Barroso, um defensor da Lava Jato.

Além deles, Deltan faria contato em abril com Luiz Fux, outro ministro alinhado com a Lava Jato.
A mensagem defendia que Vladimir Aras “é um colega sério e ponderado, tem excelente capacidade de diálogo, é comprometido com o Estado de Direito e qualificado para o cargo” e ainda afirmava que, “se indicado, fará um grande trabalho na Procuradoria-Geral”.

Articulações no governo

Embora negue que atue politicamente, Deltan fez costuras junto ao Congresso e ao governo em favor de Aras. As articulações envolveram inclusive políticos investigados na Operação Lava Jato.

“Além de Moro, Deltan disse em 15 de abril ter enviado mensagem a Onyx Lorenzoni (DEM), ministro-chefe da Casa Civil, sobre a candidatura de Aras. O ex-deputado federal admitiu em 2017 ter recebido R$ 100 mil da JBS por meio de caixa 2 durante a campanha de 2014. O caso foi remetido à Justiça Eleitoral. Ele chegou a ser alvo de inquérito no STF sob a suspeita de ter recebido R$ 175 mil, também via caixa 2, da Odebrecht na eleição de 2006, mas o procedimento foi arquivado pelo STF em junho de 2018”, diz um trecho da reportagem.