Líder do PCdoB diz que é hora de apresentar alternativas para o Brasil

O líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Daniel Almeida (BA), diz que não basta resistir aos retrocessos e prejuízos promovidos pelo governo Bolsonaro à economia e às políticas sociais em benefício do povo brasileiro. “Agora é hora de sentar-se à mesa de forma ampla para apresentar alternativas à crise econômica, centrada na recuperação da indústria e nos empregos”, diz.

Por Iram Alfaia

Daniel Almeida - Sthefane Felipa

“Temos que resistir aqui no Congresso. Exigir que o poder judiciário atue para não permite o desmonte da institucionalidade, preserve nossa soberania, economia, direitos sociais e dos trabalhadores. Construir uma política de geração de emprego e fazer um debate propositivo. Não basta ficar apenas na resistência”, disse o líder ao Vermelho.

Daniel Almeida afirmou que essa é uma tarefa de amplos setores da sociedade, dos movimentos sociais, dos partidos políticos e dos intelectuais.

“Trata-se da construção de um projeto de Brasil que tenha a capacidade de atrair uma parcela cada vez mais expressivas das forças vivas da sociedade. É a chamada frente ampla necessária para fazer esse enfrentamento”, argumentou.

O líder defende que PCdoB, PSB, PT, PDT e PSOL, que têm atuado em conjunto no Congresso Nacional, mantenham-se unido no esforço para as eleições municipais do próximo ano, estabelecendo as condições para um projeto maior visando as eleições presidenciais de 2022.

Segundo ele, há uma desmoralização do discurso político, sobretudo após o golpe parlamentar que afastou a presidenta Dilma Rousseff. Ele explica que implantaram a política do teto dos castos (emenda 95) e a reforma trabalhista como medidas saneadoras e alvissareiras, mas o resultado é catastrófico com o aumento da pobreza e o desemprego.

“Felizmente o povo brasileiro a cada dia está abandonando Bolsonaro. A sua aceitação só cai. Cada pesquisa ele vai perdendo popularidade. Nada que ele apresentou ao país pôde ser aproveitado. Aliás, ele vem dando sequência ao que anunciou na campanha: destruir, desconstruir e desmontar as coisas. O que vai colocar no lugar?”

Ele diz que Bolsonaro está fazendo isso quando acaba com os conselhos sociais, intensifica as privatizações, estimula queimadas na Amazônia, garimpos em terras indígenas e o desmonte da política externa.

“Está fazendo um desmonte que nunca se viu na política externa. O Brasil que sempre respeitou a autodeterminação dos povos, convivência pacífica e os acordos bilaterais com diversas economias, está se isolando. A última manifestação de Bolsonaro na ONU foi um festival de ódio”, disse.

Reforma da Previdência

O líder do PCdoB vê a reforma da previdência como uma medida mais danosa contra o povo brasileiro.

“As ações que fizemos, as mobilizações que foram feitas e os encaminhamento no Congresso foram decisivos para que pudéssemos chegar uma redução de danos, mas a reforma da previdência é um elemento da política macroeconômica que não mexe nos privilégios dos banqueiros, do sistema financeiro. Talvez a reforma da previdência seja o elemento mais forte, a decisão mais densa nessa direção. No geral, o prejuízo é muito grande”, considerou.

Privatização

“Eu nunca vi um entreguismo tão deslavado. O Guedes (Paulo ministro da Economia) diz que tudo pode ser privatizado. Ele diz que a Petrobras não será privatizada, mas já está sendo. A BR (Distribuidora), os gasodutos, a empresa de fertilizante na Bahia (…), Casa da Moeda e Correios”, enumerou.

O líder ressaltou que o lucro da BR Distribuidora chega a R$ 4 bilhões ao ano. “Eles entregaram por R$ 9 bilhões. Ora o lucro em três anos seria maior do que eles entregaram, R$ 9 bilhões. Agora estão entregando o pré-sal na chamada cessão onerosa. Vão fazer um leilão para entregar um patrimônio de R$ 100 bilhões.

Estrutura sindical

O deputado afirma que o mais recente ataque é contra a estrutura sindical. “Fizeram uma mudança profunda na estrutura sindical quando retiraram o financiamento. Estão anunciando para os próximos dias uma mudança mais profunda: mudar o artigo 8º da Constituição que estabelece a estrutura orgânica dos sindicatos, a unicidade sindical, um sindicato no mesmo território, eles querem liberar geral”, adverte.

Na entrevista ao Vermelho, o líder do PCdoB ainda falou sobre o trabalho parlamentar. Disse que é cansativo, mas lhe dá muita honra está pela terceira vez liderando o partido na Câmara. Pela segunda vez como coordenador, o deputado afirmou que “são enormes” as demandas da bancada da Bahia. “Com 39 deputados e três senadores tem uma diversidade enorme de demandas”, disse.

Mesmo assim, sobra tempo para curtir a família. Daniel Almeida é o típico pai de família. Gosta de caminhar com os filhos, jogar bola e tênis.

“Uma rotina comum. A gente acorda cedo, meus filhos gostam muito de caminhar, gostam muito de atividades físicas, então compartilho com eles um pouco disso. Com a minha mulher faço atividades física (…) Quando estou em casa a gente fica vendo filmes, a vida é muita em casa ou nos esportes”, revela.