Orlando Silva: Vivendo e aprendendo a jogar

As coisas no Brasil andam meio às avessas mesmo. Soube que tenho sido criticado por gente "de esquerda” por ter aceitado participar de um debate sobre reforma política no Congresso do Movimento Brasil Livre – MBL. Pensei que era “Fake News”, fui conferir e descobri que não era. Triste.

*Por Orlando Silva

Ato Orlando Silva - Fotos Marcieli Brum/PCdoB na Câmara

Primeiro, estou na política já faz mais de 30 anos, sempre do mesmo lado, no mesmo partido político, que tem raízes profundas na luta dos trabalhadores. Vivi, desde cedo, o movimento popular, fui presidente da UNE, atuei na formação política dos trabalhadores, fui ministro de Lula e Dilma, vereador e deputado federal. Aos céticos, sugiro observar como voto e atuo no Parlamento. Podem consultar CUT ou CTB, MST ou MTST, UNE ou até a OAB. Tenho a consciência bem tranquila de quem cumpre seu dever e luta todo dia, no Parlamento e nas ruas.

Segundo, sempre pautei minha trajetória pelo diálogo. Aliás, quem mais impactou minha educação nesse sentido foi o presidente Lula. Nenhum brasileiro teve mais capacidade de diálogo do que nosso querido presidente. Esse foi um dos fundamentos que o transformou no maior da história.

Sigo valorizando o diálogo. Sei que o ambiente está intoxicado, mas não vou me submeter a isso.

O MBL é de direita? Sim! Assim como a maioria dos partidos que deram base parlamentar a Lula e Dilma, quando operamos importantes mudanças no país.

O MBL foi parte do movimento que depôs Dilma? Sim! Assim como partidos que hoje são aliados prioritários do partido de Dilma. Se precisar, se a turma não lembrar, identifico. Posso até identificar um pessoal que era oposição dura a Lula e Dilma e que agora parecem santos.

Pode haver algum diálogo entre Direita e Esquerda? Sim! Poderia citar inúmeras possibilidades. Para ilustrar, falo da luta contra o chamado “Pacote Anticrime”, na qual deputados de direita, centro e esquerda se juntaram para defender a Constituição, o devido processo legal e Estado democrático de direito. Quem será beneficiado com esse movimento? O povo pobre, preto e jovem da periferia, que é vítima de genocídio. Basta estudar as propostas e ver os números.

Lamento que gente que se diz de esquerda perca tempo atrás de likes e de lacração nas redes, enquanto o drama econômico, social e político do Brasil exige atitude.

Seguirei na luta ao lado dos movimentos sociais, construindo um campo em defesa da democracia, defendendo a soberania do Brasil e os direitos do povo.

Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas no jogo. Não tem lugar para mim na arquibancada. Não combina com minha origem nem com meus compromissos de classe. Avante!