Moro acata ordem de Bolsonaro e pede inquérito para indagar porteiro

Pressionado por Bolsonaro, o ministro da Justiça, Sergio Moro, enviou uma solicitação ao Ministério Público Federal para que instaure um inquérito para investigar as declarações de um porteiro de que um dos suspeitos do assassinato de Marielle Franco pediu autorização a Jair Bolsonaro para entrar no condomínio onde encontrou o outro suspeito.

Moro

A Globo noticiou nesta terça-feira (29) que Élcio de Queiroz, um dos suspeitos da morte de Marielle, entrou no condomínio onde morava Ronie Lessa com a autorização de Bolsonaro. Isso teria sido no dia 14 de março de 2018, horas antes do assassinato. Acusado de fazer os disparos, Lessa morava no mesmo condomínio que o atual presidente da República.

Moro vê "inconsistência no depoimento do porteiro" e acredita que pode se tratar de erro de investigação ou tentativa de envolver o nome do presidente no crime. Esses atos configuram crime de obstrução à Justiça, falso testemunho e denunciação caluniosa do presidente, o que atrai competência da Justiça Federal e da Polícia Federal.

“Você é Ministro da Justiça. Lamentável agir como se ainda fosse juiz e já vitimizar Bolsonaro. Exigimos a continuidade da investigação do caso. Se não pode ajudar, continue calado sobre o assassinato de Marielle. Foi só isso que você fez até hoje”, reagiu o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ).

O porteiro teria confirmado a informação em dois depoimentos. A casa de número 58 pertence a Jair Bolsonaro, que também é dono da casa 36 no mesmo condomínio. Conforme o depoimento do porteiro, ele teria acompanhado a movimentação do carro pelas câmeras de segurança, e Elcio teria ido direito para casa 66, de Ronnie Lessa, e não para a do agora presidente.

Ainda conforme o depoimento do porteiro, ele teria ligado novamente para a casa 58 e que o homem identificado como “seu Jair” teria dito que sabia para onde Elcio estava indo.

Na data citada no depoimento do porteiro, o então deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) estava em Brasília. Como o nome do presidente foi citado, a lei obriga o Supremo Tribunal Federal a analisar a situação.