Ação criminosa da polícia de Doria deixa 9 mortos pisoteados em SP

Uma desastrosa e truculenta ação da Polícia Militar (PM) do governo João Doria (PSDB-SP) deixou nove pessoas mortas neste domingo (1) durante um baile funk na comunidade de Paraísopolis, na zona sul de São Paulo. Todas as vítimas morreram pisoteadas, numa demonstração da irresponsabilidade com que a gestão tucana intensificou a repressão nas periferias da capital. Participantes do baile negaram a versão da PM – segundo a qual policiais agiram em resposta a criminosos que se esconderam na festa.

Morte em Paraisópolis

Segundo testemunhas, PMs encurralaram frequentadores em uma viela da comunidade, o que levou ao pisoteio das vítimas. Imagens de vídeos que circularam neste domingo fortalecem essa versão. Num dos registros – que comprovam os abusos –, policiais dão socos, tapas e pontapés em adolescentes, já dominados, em uma viela. Outro vídeo mostra a PM disparando balas de borracha.

Até o governador João Doria, ciente da ação à margem da lei, disse lamentar o ocorrido e declarou ter determinado a “apuração rigorosa dos fatos”. O ouvidor das polícias, Benedito Mariano, afirmou que vai oficiar para que a Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo fique à frente da investigação interna sobre o caso. De acordo com as autoridades, a festa abrigava cerca de 5 mil pessoas.

“Eles fecharam [a rua] dos dois lados, e todo mundo correu para uma viela de três metros de largura. Quem estava na frente caiu”, contou ao UOL o estudante de direito Luiz Henrique, 26 anos. À GloboNews, uma das pessoas feridas – que não quis se identificar – contou que os policiais "ficaram dos dois lados. (A gente) não tinha para onde correr, não tinha para onde ir."

Ainda de acordo com Luiz Henrique, policiais chegaram a jogar bombas de efeito moral na viela, o que deixou os frequentadores – adolescentes, em sua maioria – mais desesperados. "Um outro policial mandou pararem", disse. O estudante e outras duas pessoas presentes ao baile que foram ouvidas pelo UOL e pediram anonimato também rebateram a versão da PM de que uma moto com duas pessoas entrou no baile, menos ainda atirando.

"É mentira. Eles (PM) que já chegaram atirando, pisoteando a cara das pessoas, quebrando carros e motos. Foi tudo planejado", disse um jovem morador de Paraisópolis, que prefere não se identificar por medo e que estava no momento da ação da PM na comunidade.

Segundo este mesmo jovem, o que aconteceu foi uma "cena de horror" promovida pela polícia sob gestão tucana. "Um amigo meu acabou falecendo. Eles [os policiais] fizeram isso por vingança e pessoas que não têm nada a ver estão pagando", afirmou.

O porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Emerson Massera, disse que "algumas imagens sugerem abuso, ação desproporcional", mas que "o rigor vai responsabilizar quem cometeu algum excesso. O relato que temos é que os policiais, para conseguir recuar, fizeram uso de munições químicas (duas de efeito moral, mais duas de gás lacrimogênio), mais oito disparos de balas de borracha", disse.

A Polícia Militar instaurou inquérito policial militar para apurar todas as circunstâncias relativas ao fato. O caso está sendo registrado no 89º Distrito Policial (Jardim Taboão). As identidades das vítimas ainda não foram divulgadas.