Cenas de Paraisópolis: comunidade volta às ruas e pede justiça

“As comunidades exigem justiça! Paraisópolis pede socorro.” Este é o sentimento exposto na faixa de abertura no ato de terça-feira (4/12) em Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo (SP). Organizado pela união de moradores “Nova Paraisópolis”, dois dias depois do massacre que causou a morte de nove inocentes, o protesto reuniu em torno de 400 pessoas.

Por Camilla Lima (texto) e Thaynan Diniz (fotos)*

Paraisópolis

Ali estavam mães, crianças e adolescentes, motocicletas e familiares dos jovens que tiveram suas vidas interrompidas pela Polícia Militar. Nas cartolinas brancas, as palavras escritas traziam mensagem de dor das mães que perderam seus filhos – e também apelos por justiça, algo tão primordial nas periferias.

As palavras-de-ordem, acompanhadas pelo “cortar de giro” das motos, expressam a revolta e a repulsa crescente a cada ataque do governo contra a periferia. As comunidades denunciam um projeto que se perpetua há anos, reflexo do racismo estrutural e institucional.

O genocídio da juventude negra e periférica acontece nos bailes funks, nas escolas, nos morros, em becos e vielas. Tem recorte de cor e classe social, acabou com os sonhos de Gustavo, Gabriel, Mateus, Bruno, Dennys Guilherme, Marcos, Luara, Eduardo, Denys Henrique e tantos outros jovens.

A dor em forma de luta e o sofrimento alimentando a coragem descreveram a marcha.

* Camilla Lima, professora, milita na região do Campo Limpo e é membro da direção municipal do PCdoB São Paulo. Thaynan Diniz, morador de Paraisópolis, é diretor da Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo)