O fim da globalização e do neoliberalismo

Após o desmoronamento da União Soviética e a queda do Muro de Berlim, a globalização e o neoliberalismo eram quase um consenso mundial. A crise de 2008 que começou nos Estados Unidos e se espalhou pelo mundo promoveu uma mudança radical na estratégia política dos países.

Por Aluísio Arruda*

Ilustração: Aroeira

Na maior potência do planeta, Donald Trump propôs uma política essencialmente nacionalista com a palavra de ordem América First para ganhar as eleições , prometendo recuperar a economia americana, as indústrias e os empregos. Ao ganhar as eleições, no lugar da política global e liberal, aplicou forte taxação de até 100% sobre produtos adquiridos em outros países e vários incentivos para indústrias americanas retornarem e para quem quisesse investir nos EUA.

Na mesma linha nacionalista outros países, como a Inglaterra, defendem o Brexit (saída da União Europeia), na Itália, na Turquia, no Egito, na Ucrânia os governos eleitos seguem a mesma linha. Na Espanha e outros países explodem movimentos nacionalistas. partidos e políticos de extrema direita, que antes defendiam com unhas e dentes a globalização, espertamente dão uma guinada e crescem na nova onda nacionalista e populista.

No Brasil Jair Bolsonaro, ex-deputado inexpressivo em sete mandatos, surfa na mesma onda e “vençe” as eleições. No poder age de forma contrária dos demais líderes da sua linhagem, principalmente de Trump, ídolo que venera, que prioriza os interesses de seu país, mas aqui o brasileiro, na contramão, adota uma política ultraliberal de privatização, entrega das riquezas do Brasil. Vende os mais ricos poços petrolíferos e as empresas energéticas, desmonta a Petrobras, corta drasticamente verbas para as universidades, pesquisas, cultura, meio ambiente e destrói quase que por completo os direitos trabalhistas, direitos dos estudantes, ataca jornalistas, os órgãos de imprensa, os indígenas e outras segmentos sociais.

Mesmo bajulando e favorecendo interesses americanos, seu “amigo” Trump acaba de impor pesadas taxas às importações do aço e do alumínio brasileiros, política claramente protecionista e contrária ao idolatrado liberalismo e globalização defendida pela grande maioria dos dirigentes brasileiros.

Enquanto os países do Ocidente, principalmente o maior deles, os EUA enfrentam graves crises e a maioria permanece estagnado ou em recessão, no outro lado, no Oriente, a China, governado pelo Partido Comunista há 70 anos, cresce de forma ininterrupta, e ao invés de se fechar como os países do Ocidente, se abre cada vez mais adotando parcerias com inúmeros países, inclusive o Brasil através do BRICS, pelo qual o governo Bolsonaro, equivocadamente demostra pouco interesse.

Mesmo com exemplos negativos resultantes da política neoliberal que levou a quebradeira de países do nosso continente, onde ocorrem grandes e violentas manifestações, o governo Bolsonaro continua a aplicar de forma arrojada a mesma política suicida. Antevendo que essa política nefasta promoverá mais insatisfação, injustiças, desemprego, miséria e pobreza, ameaça quem se opuser, com o famigerado AI 5 – instrumento de triste memória que fechou o Congresso e órgãos da Justiça, cassou representantes eleitos, instalando feroz ditadura que prendeu, torturou e matou milhares de inocentes. Envia ao Congresso decreto para isentar policiais que matarem manifestantes, intimida TVs, grandes jornais ou quem quer que se atreva a contestar as maldades e os graves prejuízos que vem impondo ao país e à maioria dos brasileiros.

Se Bolsonaro, junto com os que compõem e os que apoiam o seu nefasto governo, teima em fazer maldades, em dar continuidade a essa política neoliberal que arrasa países e atira milhões na pobreza, certamente, como todos os demais tiranos, mesmo os mais poderosos, sentirão o peso da revolta popular e o gosto amargo da derrota.