Publicado 15/12/2019 11:03
Sargaço
como se tive
realmente acontecido
a história de uns segundos
confunde a história em si
percurso longo
e maleável
esforço pelo movimento
lembro
e às vezes me arrependo
que fosse óbvio
o que só eu não vi.
sorriem fevereiros
com seus signos de ar
oferendas de orixás
espalham cores
e pétalas
não adiantam bússolas
nem setas
cada escolha é um trajeto
que se faz a pé
o mar serve de espelho
o resto é saudade do sertão
não reclamo mais do sargaço
náusea
rota de navegação
na confusão entre vento e marulho
só reclamo ainda do frio
se a origem da raiva
é o sentimento de raiva,
melhor sentir o que gosta
pra que surja algo amável
quando sentir sede
ao invés de repetir tenho sede
beber água
quando sentir que ama
ser a própria fonte
escorrendo em chuva.
Tassyla Queiroga é poeta, mestre em Direitos Humanos, viajante inquieta, apaixonada pela América Latina.