Bolsonaro se nega entregar vídeo ao STF sobre reunião citada por Moro

O vídeo pode revelar uma prova de que o ex-ministro da Justiça falou a verdade no seu depoimento à Polícia Federal de Curitiba quando disse que o presidente tentou interferir politicamente no órgão ao exigir a troca de comando

Bolsonaro e Moro - (Foto: Reprodução)

A AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu da decisão do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), que deu 72 horas para o governo a entregar a gravação da reunião em que o presidente Jair Bolsonaro teria ameaçado demitir o então ministro da Justiça, Sergio Moro, caso não trocasse o diretor-geral da Polícia Federal.

O vídeo pode revelar uma prova de que o ex-ministro da Justiça falou a verdade no seu depoimento de sábado (2), à Polícia Federal (PF) de Curitiba, quando disse que Bolsonaro tentou interferir politicamente no órgão ao exigir a troca de comando.

Bolsonaro, que nega qualquer interferência, alega que o ex-juiz mente e não tem provas do que fala, mas estranhamente começou a dificultar o acesso ao vídeo.

A AGU alega que o encontro pode ter tratado “assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros”.

O ministro mandou oficiar com urgência o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, o chefe da Secretaria especial de Comunicação, Fabio Wajngarten, e o chefe da Assessoria Especial do presidente, Célio Júnior.

“As autoridades destinatárias de tais ofícios deverão preservar a integridade do conteúdo de referida gravação ambiental (com sinais de áudio e de vídeo), em ordem a impedir que os elementos nela contidos possam ser alterados, modificados ou, até mesmo, suprimidos, eis que mencionada gravação constitui material probatório destinado a instruir, a pedido do Senhor Procurador-Geral da República, procedimento de natureza criminal”, determinou Celso de Mello.

Onde está o vídeo?

Além de recorrer da decisão, auxiliares do governo aparecem com versões estranhas sobre o vídeo.  

Questionado pela Folha de S.Paulo, o chefe da assessoria especial da Presidência da República, Célio Faria Júnior, nega que esteja com o vídeo e afirmou, em nota, que não compete à sua área “o registro de imagens de reuniões, tampouco o arquivo de eventuais registros”.

 “As reuniões realizadas na Presidência da República são eventualmente gravadas pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), com a única finalidade de divulgar as imagens da agenda presidencial, na sua maioria registros curtos e pontuais”, afirmou.

Nesta terça (5), o site O Antagonista citou Faria como o auxiliar de Bolsonaro que teria ficado com o cartão de memória da gravação e o formatado. Segundo a publicação, o assessor devolveu o material a outros integrantes do Planalto apenas nesta terça e sem conteúdo. Nesta quarta (6), Faria negou que esteja com o material: “Não tenho qualquer vídeo”.

Outros auxiliares de Bolsonaro, porém, dizem que na semana passada o assessor pediu, sim, acesso ao vídeo. E, apesar de Faria ter dito que as reuniões são eventualmente gravadas pela Secom, aliados do presidente dizem que Fábio Wajngarten, que chefia o órgão, não está com a gravação.

O registro da reunião teria sido feito pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que, segundo integrantes do Planalto, grava imagens para serem utilizadas institucionalmente. No caso específico da reunião do dia 22, pessoas ligadas a Bolsonaro dizem que o encontro não foi gravado do início ao fim.

Com informações da Folha de S.Paulo

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