Deputada rejeita chantagem de embaixador dos EUA sobre 5G

Em entrevista, Todd Chapman disse que “haverá consequências econômicas” para o Brasil caso decida manter a gigante chinesa Huawei no leilão da rede 5G.

EUA pressionam aliados a barrarem equipamentos da Huawei em suas redes 5G

A declaração em tom de ameaça do embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman, que em entrevista ao jornal O Globo disse que “haverá consequências econômicas” para o Brasil caso o país decida manter a gigante chinesa de tecnologia Huawei no leilão da rede 5G, repercutiu negativamente. O leilão da tecnologia 5G no Brasil está previsto para 2021.

A líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Perpétua Almeida (Acre), afirmou que Bolsonaro deveria imediatamente cobrar explicações ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o desrespeito do embaixador norte-americano.

“Acontece, que a autoridade política do Brasil anda tão desmoralizada, com as posturas do presidente Bolsonaro, que estamos constantemente sendo desrespeitados. Até um embaixador se julga no direito de nos fazer ameaças, dentro do nosso próprio território. Um país onde o chefe do Estado sabe qual é o seu papel jamais aceita esse tipo de ameaça”, afirmou a deputada.

Perpétua Almeida disse ainda que a soberania é um dos pilares fundamentais da Constituição e não pode sofrer afronta. “Quem decide o que é bom pra o Brasil, é o povo brasileiro. Lembro ao presidente Bolsonaro que os países não têm amigos, tem interesses. E cabe a ele, como presidente do Brasil, defender os interesses do Brasil”, ressaltou.

O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, do PT, também comentou o tema. Segundo Lula, Bolsonaro “não se faz respeitar” pelo embaixador norte-americano. “Em qualquer governo que preza pela soberania, um embaixador que falasse o que falou o embaixador dos EUA sobre a disputa do 5G no Brasil seria convidado a se calar e pedir desculpas. No caso do Brasil atual, parece que o Bolsonaro não se faz respeitar pelo embaixador americano”, postou no Twitter.

Na entrevista a O Globo, Chapman sugeriu que empresas americanas poderiam deixar de investir no Brasil, por temer que seus segredos de propriedade intelectual não estejam protegidos.

Guerra tecnológica

Os Estados Unidos estão em uma ofensiva global contra o avanço da China, a segunda maior economia do mundo, em especial na área tecnológica. Depois de impor restrições à Huawei, como a proibição de compra de componentes fabricados por empresas americanas, os EUA pressionam seus aliados a impedir que a companhia entre em suas redes 5G.

Na semana passada, o cônsul chinês no Rio, Li Yang, disse que os EUA estão contra a Huawei porque ficaram para trás no setor, no qual as demais companhias de peso são europeias e sul-coreanas.

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