“A grande obra é cuidar das pessoas”, diz João Paulo

“Queremos cuidar da cidade como um todo, mas com prioridade para a população da periferia e mais carente”. Assim o candidato à Prefeitura de Olinda (PE), João Paulo (PCdoB), resume o sentido de sua postulação. Em live no Instagram da comunicadora digital e produtora Dandara Pagu, ele falou das propostas para enfrentar os problemas do município. Defendeu um modelo democrático e participativo de gestão pública, com foco na sustentabilidade e na inclusão social.

O deputado e candidato a prefeito de Olinda, João Paulo, conversou com Dandara Pagu

Aos 67 anos, filho de um cobrador de ônibus, João Paulo foi operário de fábrica, vereador, deputado estadual e federal e prefeito do Recife por duas gestões. Deixou o cargo com 88% de aprovação. Na última eleição, voltou a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa. Segundo ele, o prefeito tem o papel de administrar conflitos sociais e de interesses, em torno do orçamento público. “E, nos meus governos, a grande obra é cuidar das pessoas”, disse, repetindo o slogan de suas administrações.

Cidade-irmã do Recife, Olinda está a apenas seis quilômetros da capital pernambucana. É a cidade com maior densidade demográfica do estado e a sétima maior do país. Seu Produto Interno Bruto está na casa dos R$ 5,4 bilhões e é apenas o oitavo maior de Pernambuco. A maior parte de sua atividade está concentrada nos setores de comércio e serviços. E é muito comum que as pessoas morem em Olinda, mas trabalhem no Recife e em Paulista.

Pandemia e Saúde

No momento em que o mundo enfrenta uma pandemia, João Paulo destacou que saúde será uma de suas prioridades. “A conquista do SUS foi uma luta do povo brasileiro, das áreas de periferia, porque a maioria da população só tinha direito à saúde se tinha uma contrato de trabalho. O SUS universalizou. Então, apesar de todas as dificuldades – ainda mais com Bolsonaro que promoveu mais cortes – o SUS é referência de democratização do acesso à saúde”, elogiou.

Sua proposta é trabalhar para fortalecer a luta pelo SUS e ter uma política de saúde pública voltada para a atenção básica, a saúde preventiva e a saúde da mulher. “A minha experiência no Recife é que as três maternidades têm certificado de Amigas da Criança, enquanto o atual prefeito está fechando a maternidade. Eu quero que nasça muito olindense, como eu”, disse.

João Paulo e dirigentes do PCdoB durante encontro com Lula, que o apoia na disputada pela prefeitura de Olinda – Diego Galba/VG

Educação, emprego e renda

O candidato, que foi aluno de Paulo Freire e acaba de encerrar a primeira etapa de seu doutorado, falou que a educação precisa ser preocupação de todos. “Primeiro, a questão da universalização. E quero melhorar a qualidade da rede pública. É preciso investir na capacitação dos professores, principalmente nesse momento de revolução 4.0, em que se exigem novas habilidades do trabalhador do futuro”, apontou. João Paulo quer também aproveitar o potencial turístico e cultural de Olinda para gerar oportunidade para os olindenses, sobretudo os mais jovens. “Olinda é patrimônio da Humanidade, mas tem também todo o seu patrimônio vivo. E queremos explorar isso, como fiz no Recife, como uma área de descoberta de talentos, de estimular esses talentos, atrair turismo, buscar parcerias com governos do estado e federal, no sentido de trazer emprego”, colocou.

De acordo com João Paulo, para ser prefeito em uma cidade com território pequeno, arrecadação baixa, mas com muita gente, é preciso ser criativo, ter uma excelente equipe e otimizar recursos para atender os que mais precisam. “O prefeito de uma cidade pobre tem que ser feito meu pai, um lutador. Eu nasci na periferia de Olinda. Enfrentei o drama de ter um pai de família desempregado. E que teve que lutar muito. E é isso que vamos fazer: lutar até a vitória para levantar a autoestima de Olinda e gerar emprego e renda”

Saneamento e mobilidade

Na conversa, Dandara falou sobre um problema grave de muitas cidades, que é a falta de saneamento básico. O candidato resgatou que chegou a ser presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, onde abordou muito esse tema.  “Defendíamos o saneamento integrado, com retirada de palafitas, urbanização, garantindo rede de esgoto ligada a todas as casas, porque muita gente não tem como pagar o saneamento”.

Segundo ele, o primeiro passo é construir um plano municipal de saneamento, estabelecendo as responsabilidades do município, do estado e da União. “Olinda tem muitos problemas na área de saneamento e sabemos que saneamento é saúde. Vamos tocar e aprofundar a luta pelo saneamento. Não só o esgoto, mas tratamento do lixo, o que o lixo significa para nossa população, o meio ambiente, a reciclagem e geração de renda com o lixo”.

João Paulo disse ainda que sua prioridade, na área da mobilidade, é o transporte coletivo. “Mobilidade exige ciclovias, pensar nas calçadas e toda a política de redução de transporte individual, garantindo o de massas. Temos que ter uma visão metropolitana do transporte. Queremos investir em políticas que possam preservar o meio ambiente, melhorar a mobilidade e trabalhar a segurança das pessoas”, afirmou.

João Paulo: “Eu quero que o povo de Olinda sinta a alegria de ser feliz”.

Cultura e diversidade

Conhecido pelo seu trabalho em prol da cultura do Recife, o candidato avaliou que a cultura é a alma do povo. E que esse patrimônio pode ter impactos positivos não só na autoestima dos moradores da cidade, como do ponto de vista econômico. Recordou que seu trabalho vai na direção de valorizar não só o patrimônio construído pelos colonizadores, mas a cultura viva. Tudo isso estando atento à importância da diversidade, da cultura de matriz africana e periférica e à descentralização as ações.

“A atual gestão tem uma visão muito terraplanista, bolsonarista, e aí governa para um grupo ou para a comunidade onde mora. Mas o prefeito tem que ser de toda a cidade. A cultura, para nós, é buscar parceria, correr atrás e resgatar a autoestima de Olinda. Eu quero que o povo de Olinda sinta o mesmo que Recife: a alegria de ser feliz. Lá fizemos concurso de frevo, maracatu, abrimos os teatros para as mães do bolsa-família, foi um momento de transcendência cultural”.

Sobre a inclusão de segmentos historicamente marginalizados – como negros, LGBTQIA+ e mulheres -, João Paulo analisou que, depois de tanto tempo, tais grupos já não querem ser representados por terceiros, querem fazer parte das gestões, bandeira com a qual se compromete.

“Quero, no governo, garantir essa participação e quero um combate grande de qualquer tipo de discriminação e ao racismo estrutural. Isso exige uma ação integrada do governo”, indicou. Na sua avaliação, a gestão deve implantar uma política de proteção e respeito, que preserve a vida e o direito das pessoas de serem quem são.

Finalizando sua participação na live, João Paulo ressaltou que cuidar bem da saúde, educação e cultura nada mais é que obrigação de qualquer governante. O que diferencia um governo de esquerda é elevar a consciência política das massas. O que o motivou a entrar na política, ele diz, foi a sua própria origem humilde. “Descobri já no movimento de jovens que essa realidade minha era de milhares de jovens, e fiz o compromisso de lutar contra a miséria do povo. Depois descobri que é através da política que você pode transformar isso”, concluiu, depois de ouvir da própria Dandara que ela, mulher negra e periférica ocupando espaços de visibilidade, se considera hoje um produto das políticas públicas implantadas na gestão de João Paulo, no Recife.

Fonte: Assessoria de João Paulo

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