Bolsonaro afunda o país ao importar crise e atraso de Trump
O jornalista da Hora do Povo, Sérgio Cruz, participou da live Roda de Conversa com Osvaldo Bertolino e disse que “o Bolsonaro é subproduto dessa falência do neoliberalismo”.
Publicado 07/11/2020 20:30 | Editado 07/11/2020 20:32
“O Bolsonaro fica assistindo o Trump e depois repete aqui. Todas as questões que o Trump levanta lá, ele levanta aqui. Então, o desdobrar dos Estados Unidos vai ter influência aqui com a gente”, avaliou Sérgio Cruz, do HP, na Roda de Conversa, de Osvaldo Bertolino
Todas as questões que o Trump levanta lá, ele levanta aqui. Então, o desdobrar dos Estados Unidos vai ter influência aqui com a gente”.
Durante o programa, Osvaldo Bertolino, que mediou o debate, Jorge Gregory e Bemvindo Sequeira participaram da live e conversaram sobre a situação das eleições nos Estados Unidos e o seu reflexo no Brasil.
Segundo Sérgio Cruz, a crise econômica mundial abre, para os países periféricos, uma oportunidade maior de ter um crescimento autossustentado. “Quando o centro econômico entra em crise, os países da periferia, que são explorados e estão no atraso, têm a possibilidade de romper com essa situação”.
“Se você se acopla muito a esse centro em crise, como é o caso das intenções de Bolsonaro, nós afundamos junto”, disse.
Para ele, “1930 foi um exemplo. Na crise de 1929, se o Brasil seguisse aquela política de se acoplar aos ingleses, aos americanos, o Brasil afundaria, seguramente, junto com todo mundo. Foi exatamente o contrário. A crise no centro permitiu uma grande transformação econômica, industrialização”.
“O Bolsonaro é subproduto dessa falência do neoliberalismo, dessa crise de 2008 e 2009 e a não-saída dela, apesar de terem entulhado os bancos de dinheiro. Mais um pouco para a frente e os países da periferia foram atingidos também”.
“Essa crise gerou uma saída à la fascismo. O Bolsonaro fica assistindo o Trump e depois repete aqui. Todas as questões que o Trump levanta lá, ele levanta aqui. Essa maluquice toda de negacionismo anticientífico. Então, o desdobrar dos Estados Unidos vai ter influência aqui com a gente”, avaliou.
Sérgio defendeu a tática de frente ampla para derrotar Jair Bolsonaro e sua intenção de acabar com a democracia. “Eu acho que essa política foi vitoriosa, nós impedimos o Bolsonaro de concretizar o golpe”.
“Partimos agora para ver se derrubamos ele ou não. Se ele insistisse naquela política, é bem provável que tirássemos ele do poder. O recuo dele foi fruto dessa resistência ampla e forte da sociedade, que conseguiu balizar a intenção golpista dele”, continuou.
Sérgio Cruz enfatizou que a frente ampla não precisa ser eleitoral, mas que durante as eleições é preciso ter claro que o inimigo principal é o bolsonarismo.
“Para derrotar o bolsonarismo, eu acho que a tarefa principal vai ser criarmos uma alternativa nacional desenvolvimentista, com plano de desenvolvimento nacional, e com uma frente que se constitui em cima da reconstrução do país”, afirmou.
“Nós estamos em uma situação de desastre econômico total. Desindustrialização, desemprego, perda de soberania, é um caos total! Eu acho que o neoliberalismo faliu e vai abrir um tremendo espaço para o desenvolvimento nacional, alternativo a tudo isso. Se a gente tiver a capacidade de construir um bom programa de alternativa para a crise, que seja centrado no mercado interno, na reindustrialização, vai ser possível esse programa galvanizar uma grande frente”, avaliou.
Sobre as eleições nos Estados Unidos, Sérgio avalia que a derrota de Trump enfraquece o governo Bolsonaro porque este perderia um importante “aliado”, mas disse que Biden não é flor que se cheire.
“Até o dia da eleição, é ‘pau’ no Trump. Se o Biden ganhar, no dia seguinte já estamos na oposição. Trump é o inimigo principal, neste momento”.
O jornalista Jorge Gregory avalia que as eleições municipais do dia 15 são determinantes. “Elas estabelecem uma nova correlação de forças. O Bolsonaro não consegue implementar o renda Brasil e nem o Guedes consegue implementar a agenda dele. Quer dizer, o Bolsonaro entra em 2021 ainda com pandemia, crise econômica” e sem ganhar a Prefeitura de nenhuma capital”.
Para Gregory, ou ele se submete aos desejos dos partidos corruptos ou o seu governo vai ruir.
O ator Bemvindo Sequeira disse que Bolsonaro atua como uma “quinta coluna” no Brasil. Ele diz aos Estados Unidos “‘devorem!’ e se ele recuar eu estou aqui para apunhalar o país pelas costas. É um lambe-botas, é um louco, um psicopata”.
Bemvindo acredita que “acabou a mágica” do governo Bolsonaro e agora fica evidente que ele não tem uma base. “Os militares estão saindo fora porque não estão satisfeitos, a base parlamentar dele se dissolveu e ele teve que correr para o ‘centrão’ corrupto, e que não é confiável”.
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Fonte: Hora do Povo