Com pandemia sem controle, economia dos EUA dá sinais de piora

Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics. Afirma que demora para estabilizar a disseminação do coronavírus pode voltar a afetar drasticamente a economia norte-americana.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), em diagnóstico de outubro, a economia dos Estados Unidos fechará 2020 com retração de 4,3%, melhorando os números anteriores, na casa dos 8%. Em entrevista para a CNBC, citada pelo Infomoney, Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics Zandi, afirmou que os riscos de acontecer uma retração grande no pais, similares às antigas projeções do FMI, são “bastante elevados”, mesmo com os sinais de recuperação nos últimos meses.

“Eu acho que os riscos são muito altos aqui de que a economia volte atrás”, alertou, para, na sequência, justificar sua preocupação. “Estamos sofrendo uma nova intensificação bastante significativa do vírus. Quero dizer mil infecções diárias confirmadas quatro, seis, oito semanas atrás e, agora, estamos perto de 100.000. Isso vai começar a causar alguns danos”, projetou.

Os Estados Unidos registraram mais de cem mil casos de coronavírus confirmados diariamente pela primeira vez na quarta-feira, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins. Desde o início da pandemia, o país já acusou mais de 9,6 milhões de infecções por Covid-19, maior número do planeta. Segundo o economista entrevistado pela CNBC, essa tendência poderá fazer com que os Estados Unidos sigam os passos da Europa, onde a trajetória do surto está cerca de quatro a seis semanas à frente, novamente em crescimento.

Ele destacou que a Europa teve de reimpor medidas de distanciamento social para conter o ressurgimento do coronavírus, e que se isso for realizado em território norte-americano, causará prejuízos econômicos. “E então não temos apoio fiscal adicional, pelo menos não no horizonte de curto prazo, pelo menos não até a posse presidencial em janeiro, com toda a probabilidade. Isso deixa a economia bem vulnerável aqui”, disse Zandi.

Algumas das medidas já liberadas pelo governo, como a ajuda de US$ 2 trilhões, o CARES Act, expiraram ou deverão terminar em breve. As negociações para obter mais apoio chegaram a um impasse, pois os republicanos e democratas não conseguiam consenso sobre o tamanho do pacote e em que medidas gastar. O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, R-Ky., disse que um novo projeto de estímulo seria sua prioridade.

Mas o economista vencedor do Prêmio Nobel, Paul Krugman, falou à CNBC que não há indicação de que o senador concordaria com um pacote grande o suficiente. Segundo o economista da Moody’s, um provável “governo dividido” nos Estados Unidos significa que um “grande pacote de resgate fiscal” não aconteceria. “Isso significa menos crescimento, vai demorar mais para a economia voltar ao pleno emprego”.