Maia cogita fusão entre Cidadania, PV e Rede para enfrentar Bolsonaro

Partidos chegaram a conversar no passado sobre a união, que até agora não avançou

O futuro do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara, pode ser um partido ainda a ser viabilizado, fruto da união de legendas já existentes. Sua meta é um criar uma estrutura forte para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro na eleição de 2022 De saída do DEM, Maia afirmou a aliados que uma das opções na mesa é trabalhar pela fusão de Cidadania, PV e Rede – partidos que já chegaram a conversar no passado sobre essa possibilidade, que até agora não avançou

Outros partidos como o PSL e o Solidariedade também poderiam entrar na composição, não necessariamente se fundindo às três siglas. O apresentador Luciano Huck, da TV Globo, é um potencial nome para se candidatar pelo bloco direitista.

Segundo o presidente do Cidadania, Roberto Freire, chances de fusão existem, mas não é a prioridade para a campanha. “Se for por estrutura, então vai para PT, PSDB”, disse. Freire e Maia conversaram após a eleição da Câmara. “Convidei ele implicitamente, quando disse que estávamos abertos e dispostos a conversar a qualquer hora. Estou aguardando o tempo dele”, agregou Freire.

No PV, as conversas de fusão estão em modo lento, mas há defensores de uma união com o Cidadania, como o ex-candidato à Presidência Eduardo Jorge. A cúpula do partido tem buscado construir uma candidatura forte para ter votos suficientes e não ser afetada pela cláusula de barreira em 2022, que, caso não ultrapassada, pode deixar a sigla sem acesso ao fundo partidário e tempo de propaganda na TV.

No Rede Sustentabilidade, a proposta de fusão é descartada pelo porta-voz do partido, Pedro Ivo, que disse que isso foi tratado ano passado e rejeitado. Mas a iniciativa tem um importante aliado: o senador Randolfe Rodrigues (AP), antes contrário, agora disse ter se tornado “um entusiasta” dessa eventual fusão de com o PV e com o Cidadania.

De acordo com Ivo, a Rede elegerá em 21 de março sua nova direção partidária, que organizará o processo eleitoral de 2022. Ele diz que está em avaliação a possibilidade de candidatura própria ou de alianças, mas sem fusão. “Quando essa discussão foi feita, ano passado, a Marina Silva

[ex-presidenciável e principal figura pública da legenda]

foi a primeira a se colocar contra. Ela nunca defendeu”, disse.

Maia tem conversado ao longo dos últimos meses com Huck e com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), como possíveis nomes da direita para disputar com Bolsonaro. O tucano fui um dos principais apoiadores da candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) para presidente da Câmara e o convidou Maia para se filiar ao PSDB após a briga com o DEM.

Nas conversas que manteve com aliados após a eleição, Maia se manteve em cima do muro sobre qual das duas candidaturas encampará, mas defendeu que os dois não tem chance de vitória ao mesmo tempo. Na opinião do deputado, o Cidadania, provável destino de Huck após o racha no DEM, precisa fortalecer sua estrutura para dar suporte a uma campanha presidencial competitiva.

A aliança com os partidos do Centrão, se durar até 2022, dará a Bolsonaro uma estrutura partidária forte, com farto número de prefeitos e governadores, tempo de propaganda na TV e dinheiro dos fundos públicos para campanha. Isso tudo se somaria à exposição natural do cargo e a rede de militantes nas redes sociais que já o elegeram em 2018.

O PSL está dividido entre os bolsonaristas, que devem deixar o partido, e um grupo pequeno de parlamentares que é contra o apoio ao governo. O ex-presidente da Câmara se aproximou da cúpula do partido, que tem o maior tempo de propaganda da TV e fundo partidário da eleição, e já foi convidado a se filiar. Ele marcou conversa com a sigla para esta semana para discutir os cenários.

Para Maia, a fusão de partidos criaria um fato positivo a favor de uma candidatura alternativa e permitiria atrair mais quadros. Ele espera que aliados como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), o acompanhem nesse projeto, mas apenas num segundo momento, para não parecer uma posição de confronto contra o governo federal.

Com informações do Valor Econômico