Datafolha: 75% responsabilizam Bolsonaro por inflação e desemprego

No Brasil, índice de preços teve um impulso adicional por conta de um cenário econômico e político conturbado

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Três a casa quatro brasileiros afirmam que a gestão Jair Bolsonaro tem responsabilidade pela inflação e pelo desemprego – dois dos principais efeitos de uma crise econômica e social que o governo agravou no País. É o que aponta pesquisa Datafolha realizada nacionalmente de 13 a 15 de setembro.

Ao todo, 75% dos entrevistados responsabilizam o governo de extrema-direita pela inflação em alta no Brasil. Para 41%, o governo Bolsonaro tem muita responsabilidade, enquanto para 34% há um pouco de responsabilidade. Outros 23% isentam a atual gestão pela crise.

O percentual é alto mesmo entre os que classificam a gestão como ótima/boa: 30% deles têm a avaliação de que o governo tem muita responsabilidade e 45% que tem um pouco de responsabilidade pela inflação, totalizando os mesmos 75% da média dos entrevistados. A responsabilização é maior entre pessoas com ensino superior (84%), com renda superior a dez mínimos (81%) e assalariados registrados (82%).

Na questão do desemprego, os percentuais são de 39% (muita responsabilidade pelo problema), 32% (um pouco) e 27% (nenhuma responsabilidade). Nesse tema, o governo se sai melhor entre os que classificam a gestão como ótima/boa do que na questão da inflação: apenas 19% avaliam que o governo tem muita responsabilidade e 39% que tem um pouco, totalizando 57%, abaixo da média geral (71%).

Em agosto, a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) alcançou a maior taxa para agosto (0,87%) em 21 anos e chegou a 9,68% no acumulado de 12 meses. Já o desemprego estava em 14,1% no segundo trimestre deste ano, acima do registrado no mesmo período de 2020 (13,3%). O país tem 14,4 milhões de desempregados.

O Datafolha também perguntou se a inflação e o desemprego vão cair ou subir nos próximos meses. A expectativa de aumento do índice de preços oscilou de 68% na pesquisa de julho para 69% em setembro. Em março, chegou a 77%. Para 12%, a inflação vai cair. Eram 8% em julho.

Quanto menor a renda, maior o percentual dos que esperam aumento da inflação. O índice fica em torno de 70% na faixa até cinco salários mínimos e em 61% naquela acima de dez mínimos, por exemplo. Em relação ao grau de instrução, as pessoas com ensino superior estão mais pessimistas que aquelas com fundamental, respectivamente, 74% e 65% (esperam alta da inflação). Dados do Ipea mostram que a inflação pesa mais no orçamento das famílias de menor renda, o que corrobora a pesquisa.

A expectativa de aumento do desemprego oscilou de 52% na pesquisa de julho para 54% em setembro. Em março, chegou a 79%. Para 19%, o desemprego vai cair. Eram 18% em julho. O receio quanto ao desemprego fica em 56% na faixa até dois salários mínimos e em 43% naquela com renda acima de dez mínimos.

Apesar de a alta da inflação ser um fenômeno mundial, no Brasil o índice de preços teve um impulso adicional por conta de um cenário econômico e político conturbado que tem se refletido na taxa de câmbio. Na avaliação do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), por exemplo, a crise política criada pelo governo Bolsonaro impede que o Banco Central tenha sucesso no combate à inflação.

Em agosto, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que ruídos envolvendo questões domésticas têm afetado as projeções de crescimento e as expectativas de inflação. Para ele, o governo tem de passar uma mensagem responsável sobre qual será a trajetória fiscal daqui para a frente.

Com informações da Folha de S.Paulo