Cidade italiana recebe Bolsonaro sob protestos e repudia homenagem

Por “razões de segurança”, o itinerário da comitiva brasileira foi alterado. Em vez da prefeitura, Bolsonaro se dirigiu a um espaço a dois quilômetros de distância

Protestos contra Bolsonaro em Anguillara Veneta, na Itália, onde foi questionado um título honorário concedido pela prefeitura italiana.

Os moradores de Anguillara Veneta, vilarejo do norte da Itália, foram às ruas nesta segunda-feira (1) para protestar contra a chegada de Jair Bolsonaro ao local. O presidente brasileiro receberá o título de cidadão honorário – uma homenagem que levou a opinião pública à irritação.

Após ter pousado no Aeroporto de Veneza, Bolsonaro seguiu em comboio até Anguillara, que fica a cerca de 80 quilômetros de distância. Ele receberia a polêmica homenagem na sede da Prefeitura. Mas, mesmo com o mau tempo, 200 pessoas promoviam uma manifestação.

Assim, por “razões de segurança”, o itinerário da comitiva brasileira foi alterado. Em vez da prefeitura, Bolsonaro se dirigiu a um espaço a dois quilômetros de distância, no qual a prefeita de extrema-direita Alessandra Buoso ofereceu um almoço. Segundo ela, a cidadania honorária se justifica pelo fato de o presidente ter um bisavô nascido no município. “Não queremos entrar nos aspectos políticos porque não é nosso papel nem nossa vontade”, tergiversou.

Mas a população não aceitou a justificativa. “A cidadania é inoportuna porque as posições de Bolsonaro não espelham os valores de nossa Constituição”, disse o vereador de oposição Antonio Spada. Ele deu como exemplo as frequentes declarações homofóbicas e misóginas do presidente, além de suas políticas para a Amazônia.

Já o padre Massimo Ramundo – que passou 20 anos no Brasil, sendo 12 deles na Amazônia – afirmou que as ações de Bolsonaro “vão contra tudo aquilo que o papa Francisco professa diariamente” à frente da Igreja Católica. “O presidente não se ocupa da defesa das minorias, a partir dos indígenas da Amazônia. O Papa não se cansa de nos lembrar da importância do bem comum, enquanto Bolsonaro faz o que quer na Amazônia”, ressaltou.

Por sua vez, Andrea Zanoni, conselheiro regional (o equivalente a um deputado estadual) do Vêneto pelo Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, disse que é motivo de “vergonha” a homenagem a Bolsonaro. “É uma escolha incompreensível sob qualquer ponto de vista e que chega poucos dias depois de uma acusação de crimes contra a humanidade e outros nove delitos. Sua gestão vil da pandemia provocou mais de 600 mil mortes em todo o país”, salientou.

No fim da semana passada, a sede da Prefeitura de Anguillara Veneta já havia sido pichada com a frase “Fora Bolsonaro” e tomada por estercos atirados por um grupo ambientalista que é contra a homenagem. O tour de Bolsonaro pela Itália se encerra nesta terça-feira (2), com uma visita a um monumento em Pistoia em memória dos soldados brasileiros caídos na Segunda Guerra Mundial.

Com informações da Ansa Brasil