A esquerda bem informada
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Despreparo das cidades agrava situações de chuvas intensas

Para Marcos Buckeridge, a adaptação custa ordens de magnitude, muitas vezes o valor da mitigação, por isso, é melhor gastar o dinheiro com um bom planejamento

Enchentes e deslizamentos de terra atingiram Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro, em janeiro de 2011 – Foto: Paulo Hebmuller/Arquivo Jornal da USP
 

As chuvas, no Brasil, deixaram um número maior de desabrigados do que vinha ocorrendo nos últimos cinco anos, de acordo com a Confederação Nacional dos Municípios. Para tentar evitar esse tipo de situação ocasionada por eventos climáticos extremos, as cidades brasileiras precisam se preparar, reforçar e melhorar a infraestrutura urbana.

Marcos Buckeridge – Foto: Leonor Calasans/IEA-USP

O professor Marcos Buckeridge, diretor do Instituto de Biociências (IB) e coordenador do Programa USP Cidades Globais do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, em entrevista, falou que “isso tem a ver com a crise climática, mas se soma ao despreparo das cidades para essa situação de emergência”.

O professor destaca que algumas cidades até têm planejamento, mas não executam. “É preciso ter não somente planos de contingência, mas planos de preparação.” Ele explica também que isso ocorre porque não existe um plano de Estado, ou seja, que independentemente de quem esteja governando seja colocado em prática.

Para cada cidade um planejamento

Para Buckeridge, como cada cidade tem suas peculiaridades, os eventos climáticos intensos devem ser tratados localmente. “Por exemplo, numa cidade em Minas Gerais, que fica em meio às montanhas, existe um risco muito maior de escorregamento.” Nesse sentido, as soluções baseadas na natureza, como ressalta o professor, facilitam na hora do planejamento.

Outro ponto destacado por ele é que, se as medidas de mitigação não forem feitas, resultarão em estragos mais caros ainda. “A adaptação custa ordens de magnitude, muitas vezes o valor da mitigação. Então, é melhor gastar o dinheiro maior agora, com um bom planejamento, do que gastar 100 vezes mais e, além disso, prejudicar as pessoas”, afirma.

O professor ressalta também a importância do conhecimento científico para as medidas profiláticas e sua inclusão nos planos diretores municipais. “Esses estudos têm que ser feitos, como eu disse, localmente. Porque, em cada lugar, haverá situações diferentes, com culturas diferentes.” Então, deve-se “incluir isso nos planos diretores e começar a trabalhar com esses planos”.

Edição de entrevista à Rádio USP

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