Sem correção do IR, Governo Bolsonaro aumenta injustiça tributária

Com promessa de campanha descumprida pelo presidente, defasagem da tabela foi recorde no atual governo. Em 2023, os trabalhadores que receberem um salário mínimo e meio já sofrerão a incidência do imposto de renda.

A aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) evidenciou ainda mais a injustiça tributária do governo Bolsonaro que, ao não corrigir a tabela do Imposto de Renda, faz com que mais tributos recaiam sobre os mais pobres. Pela LDO, o salário mínimo foi fixado para o ano que vem em R$ 1.294. Isto significa que, em 2023, os trabalhadores que receberem um mínimo e meio já sofrerão a incidência do IR sobre os rendimentos.

Como pela tabela do IR, que não é corrigida desde 2015, o limite de isenção é de R$ 1.903, aqueles que recebem R$ 1.947 passarão a ter um desconto de R$ 2,77 em 2023. Quando aconteceu a última correção da tabela, o valor do salário mínimo era de R$ 788. Sem atualização, hoje, um trabalhador ou aposentado que ganha R$ 2.000 já é tributado na fonte na faixa de 7,5%.

O reajuste da tabela do IR está entre as promessas realizadas por Bolsonaro durante a campanha em 2018 e que não foram cumpridas. Segundo estudo do Sindifisco Nacional, a defasagem da tabela do IR no governo Bolsonaro alcançou 24%, sendo a maior em um único mandato desde a implantação do Plano Real e da mudança no cálculo da tabela, a partir de janeiro de 1996, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O estudo foi realizado com base na variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até março, quando a carestia também foi a mais alta desde a criação do Plano Real, há 28 anos.

Ao não corrigir tabela, Bolsonaro descumpre promessa

De acordo com relatório divulgado naquele mês pelo Tesouro Nacional, a carga tributária cresceu no governo Bolsonaro e já havia atingido 33,9% do Produto Interno Bruto (PIB). A estimativa realizada pelo Sindifisco no estudo é de que, se Bolsonaro não corrigir a tabela de IR, a defasagem nos quatro anos do seu mandato poderia alcançar 28%. Contudo, ela poderá ser ainda maior ao final de 2022, uma vez que a projeção foi realizada com base em uma expectativa de inflação de 6,86% no ano. De acordo com o último Boletim Focus, os analistas que participam da pesquisa já acreditam que a alta acumulada dos preços neste ano será de 7,67%.

Ao contrário, a menor defasagem, de acordo com o estudo do Sindifisco, aconteceu no segundo mandato de Lula, quando ficou em 2,48%. No primeiro mandato dele ficou em 7,92%. Já no primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT), ela foi de 6,53%. Até o impeachment, em 2016, a defasagem no segundo mandato de Dilma totalizou 4,80%. No primeiro e no segundo mandatos de Fernando Henrique foi, respectivamente, de 17,19% e 18,99%.