Deflação de julho aliviou população de baixa renda, diz Ipea

Famílias de renda muito baixa registraram deflação de -0,28%, enquanto as de renda alta tiveram alta inflacionária de 0,50%; alimentos e combustíveis influenciam

Foto: Helio Montferre/Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta terça-feira (15) os resultados do Indicador de Inflação por Faixa de Renda referente ao mês de julho, revelando uma discrepância marcante nos índices entre as diferentes classes de renda.

Enquanto as famílias de renda alta experimentaram um aumento de 0,50% no Indicador de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o segmento de renda muito baixa registrou uma deflação de -0,28%.

Quando consideramos o acumulado do ano até julho, constatamos que as famílias de renda muito baixa mantiveram a menor taxa de sobrevivência (2,2%), contrastando com os domicílios de renda alta que lideram com a maior variação registrada (3,5 %), de acordo com os dados apresentados na tabela abaixo:

Essa disparidade também se reflete no acumulado do ano até julho, onde as famílias de renda muito baixa ostentam a menor taxa de inflação, marcando 2,2%, enquanto os domicílios de renda alta apresentam a maior variação registrada, com 3,5%.

Os dados desagregados por grupos evidenciam que os principais alívios inflacionários em julho provêm das quedas nos grupos de “alimentos e bebidas” e “habitação”. No primeiro caso, uma redução considerável nos preços dos alimentos em renda domiciliar resultou em uma redução significativa nos índices de herança, especialmente para as famílias de mais baixa, dados as ponderações destes itens em suas cestas de consumo. Algumas das quedas mais notáveis ​​incluíram: cereais (-2,2%), carnes (-2,1%), aves e ovos (-1,9%) e laticínios (-0,89%).

Por outro lado, no grupo “habitação”, os estratos de menor poder aquisitivo foram os mais beneficiados pelo recuo de 3,7% nas tarifas de energia elétrica. Por outro lado, o aumento de 4,8% no preço da gasolina exerceu uma pressão inflacionária significativa sobre o grupo “transportes” no mês de julho para todas as classes de renda pesquisadas.

Famílias de alta renda

Para as famílias de alta renda, a pressão inflacionária não se deve apenas ao aumento proporcionalmente maior dos combustíveis, mas também às elevações de 4,8% nas passagens aéreas e de 10,1% no aluguel de veículos, fatores que fizeram com que a pressão inflacionária do grupo “transportes” anulasse os efeitos deflacionários vindos dos alimentos e da energia elétrica.

Outros setores também tiveram impacto nas variações. Os planos de saúde registraram um aumento de 0,78%, enquanto os serviços de recreação cresceram 0,51%, afetando positivamente os grupos “saúde” e “despesas pessoais”.

Comparando com julho de 2022, apesar de uma tendência menos desfavorável nos preços dos alimentos (com uma queda de 0,72% em comparação a uma variação de 1,5% em 2022), a tendência atual apresentou um comportamento menos positivo para todas as faixas de renda. Isso foi particularmente notável para as faixas de renda mais elevadas, destacando a diferença entre o reajuste de 4,2% nos combustíveis em 2023 e a deflação significativa de 14,2% no mesmo período de 2022, possibilitada pela desoneração.

Da mesma forma, a redução da carga tributária sobre as tarifas de energia elétrica no ano anterior explicou a queda mais expressiva de 5,8% observada em julho de 2022 em comparação com a queda de 3,9% registrada este ano.

Nos últimos doze meses, todos os grupos de pessoas tiveram um aumento nos preços. As famílias de renda muito baixa tiveram o menor aumento, cerca de 3,4%, enquanto aquelas com renda alta tiveram um aumento maior, cerca de 5,1%. Isso aconteceu principalmente por causa dos preços mais altos nos cuidados de saúde e produtos pessoais, como remédios (6,2%), produtos de higiene (12,3%) e planos de saúde (14,1%).

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Fonte: Ipea
Edição: Bárbara Luz

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