Movimentos vão às ruas em meio a escalada autoritária de Milei

O novo governo enfrenta sua primeira onda de protesto contra o austericídio fiscal, enquanto ministérios ameaçam com prisão e corte de benefícios sociais

Foto: Reprodução

A Unidade Piqueteira da Argentina vai às ruas, nesta quarta (20), no primeiro grande protesto contra o novo governo do presidente Javier Milei. Em uma escalada autoritária, o novo governo baixou decreto para tentar impedir que as pessoas obstruam as ruas durante os protesto, além de ameaçar cortes de benefícios sociais aos participantes.

A concentração está marcada para às 10h, mas o ato principal deve acontecer por volta de 16h, quando deve ocorrer uma caminhada da região do Congresso até a Praça de Maio.

Nesta quarta, os manifestantes desafiam pela primeira vez o protocolo contra os piquetes, editado pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich. Logo pela manhã, a ministra reforçou as intenções reacionárias do governo: “se vão às ruas, vão perder os benefícios”.

“A decisão do governo é acabar com a obstrução das ruas. Que se manifestem quantas vezes quiserem: nas praças, nos cordões. Mas as ruas não estão fechadas. Hoje será um começo, não devemos esperar 100% de chances de sucesso, hoje começa um caminho que não tem volta”, ameaçou Bullrich.

Entre as medidas do protocolo, estão o uso de força proporcional à resistência oferecida por manifestantes, durante bloqueios de vias públicas; a identificação e punição de transgressores; e o custeio do aparato de segurança a ser bancado pelos organizadores das marchas.

O ministério de Segurança, em comunicado, estabeleceu quatro proibições populistas que limitam o direito de manifestação política:

1) “O tráfego de veículos não pode ser interrompido”.

2) “Você não poderá participar com o rosto coberto de forma intimidante.”

3) “Também não será permitido o uso de paus ou elementos contundentes.”

4) “Não pode haver crianças nas marchas”.

Os “piqueteros” são movimentos de esquerda que, desde o final dos anos 1990, fazem protestos por meio do fechamento de ruas e estradas.

O líder do Polo Obrero, uma organização piqueteira ligada ao Partido Obrero, classificou as medidas do governo como “absurdo e ridículo” e disse que “não existe em nenhum lugar do mundo uma mobilização de 50 mil pessoas pela calçada”.

“Patricia Bullrich está tentando um estado de sítio e claramente não vai funcionar porque para isso ocorrer o Parlamento tem de permitir”, disse.

Em 10 dias, preço da gasolina subiu 60%

Nesta quarta, o presidente argentino deve anunciar em cadeia nacional um plano de desregulamentação da economia, incluindo uma reforma trabalhista aos moldes de Margaret Thatcher.

Em 10 dias de mandato, a população argentina já verifica os aumentos de preços provocados pela megadesvalorização do peso. Desde a posse, o preço dos combustíveis aumentou mais de 60%, por exemplo.

Entre as medidas que o ultraliberal já realizou, uma delas consiste na liberação dos preços dos alimentos nos mercados do país. Para mitigar os efeitos da inflação, o ex-presidente Alberto Fernández elaborou um acordo de preços com fornecedores, armazéns, supermercados e outros setores para que o aumento no preço destes produtos fosse o menor possível.

Com a de Milei esses acordos foram deixados de lado e novas listas de preços passaram a ser enviadas, com a lógica de compensar os atrasos dos últimos meses.

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