Esporte brasileiro fica órfão de três gigantes da comunicação

Silvio Luiz, Antero e Apolinho faleceram entre as últimas horas desta quarta (15) e a manhã desta quinta (16). Eles representaram o espírito bem humorado do futebol.

Foto: Reprodução

O futebol brasileiro acordou nesta quinta (16) com três notícias tristes. O jornalismo esportivo perdeu nesta manhã o comentarista Antero Greco e o narrador Silvio Luiz. Na noite desta quarta (15), o radialista Apolinho também nos deixou.

Os três profissionais foram fundamentais para a virada de mesa na comunicação esportiva entre as duas metades do século passado.

O narrador Silvio Luis iniciou sua carreira na locução esportiva na TV Record, passando por TV Paulista, Rádio Bandeirantes, Rádio Record, TV Excelsior, SBT e Band. Com muita irreverência, traduziu o futebol arte e divertido do Brasil dos anos 1970 e 1980 em diversos bordões.

“Acerte o seu [relógio] aí, que eu arredondo o meu aqui” – Usado para quando o juiz estava prestes a iniciar o jogo

“Pelo amor dos meus filhinhos + Minha Nossa Senhora + Pelas barbas do profeta” – Usado quando um jogador desperdiçava uma chance clara de gol ou cometia uma grosseria com a bola

“Confira comigo no replay” – Usado para chamar a atenção para a repetição de um lance

Sylvio Luiz Perez Machado de Sousa nasceu em São Paulo (SP), em 14 de julho de 1934, e estava internado na UTI do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, desde o dia 8 de maio.

Segundo o hospital, Silvio Luiz morreu em decorrência de falência de múltiplos órgãos.

O espírito da época também cativou o radialista Washington Rodrigues, conhecido como Apolinho. Com passagens pela Rádio Globo, Rádio Nacional e Rádio Tupi, Apolinho também criou bordões utilizados até hoje.

“Briga de cachorro grande“, “chocolate”, “mais feliz que pinto no lixo” e “capinar sentado” foram algumas das expressões eternizadas pelo flamenguista, que chegou a ser técnico do time do coração durante o ano de 1995.

Depois de deixar o cargo de treinador em 95, retornou ao clube por mais 1 ano em 1998, como Diretor de Futebol do rubro-negro.

Ele estava internado no Hospital Samaritano, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde tratava um câncer.

Já o comentarista Antero Greco combinou, desde os tempos de Estadão, na década de 1970, qualidade jornalística com o bom humor e comunicação lúdica.

Durante 30 anos, Antero trabalhou na ESPN, onde formou dupla com Paulo Soares, o Amigão, na bancada do Sportcenter. Dutsnte década, os dois viralizaram com gargalhadas deliciosas que traziam leveza ao periódico televisivo.

Começou a carreira no Estado de S. Paulo, em meados da década de 1970. Também teve passagens por Popular da Tarde, Folha de S. Paulo, Diário de São Paulo e TV Bandeirantes, além de ter sido colunista do UOL entre 2019 e 2020. Cobriu mais de dez Copas do Mundo e diversos grandes eventos esportivos.

Tinha mais de 40 anos de experiência e se formou na ECA-USP. Ele fez parte da primeira turma de jornalismo no período noturno da faculdade. Nos últimos anos, Antero fez um combate intensivo contra o bolsonarismo em suas redes sociais e nunca se calou contra a extrema direita.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte dos três jornalistas através das suas redes sociais. “Um dia de muita tristeza para o jornalismo esportivo brasileiro”, afirmou Lula.

“Além do querido Antero Greco, nos despedimos do radialista Washington Rodrigues, o Apolinho, uma carreira de décadas de amor ao futebol e ao Flamengo, e querido por todas as torcidas. E do grande locutor esportivo Silvio Luiz, um dos mais criativos narradores de todos os tempos, de muitos bordões, como ‘olho no lance’, que se tornaram expressões comuns nas conversas dos brasileiros”, afirmou o presidente.

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