Netanyahu dobra a aposta e Israel mata 200 em Rafah, após decisão da CIJ

Foram mais de 60 ataques aéreos à Rafah nas últimas 48 horas, afrontando a comunidade internacional. Um dos ataques deixou ao menos 40 mortos em um campo de desabrigados

Foto: Reprodução

Ao menos 40 civis foram assassinados em um campo de refugiados em Rafah pelas Forças de Defesa Israelense (IDF, na sigla em inglês) em um novo bombardeio a Faixa de Gaza, dois dias após a Corte Internacional de Justiça (CIJ) ter ordenado a suspensão das operações militares na cidade ao sul do enclave.

Desde a decisão da corte, a mais alta da Organização das Nações Unidas (ONU), na última sexta (24), já é o segundo dia de ataques a Rafah, último refúgio de cerca de 1,4 milhões de palestinos que tiveram suas casas e bairros reduzidos a ruínas.

O ministério da Saúde de Gaza afirmou que já passam de 200 mortos desde o início dos bombardeios, no último sábado (25).

Fontes locais da agência palestina WAFA informaram que ao menos oito mísseis atingiram um acampamento de pessoas desabrigadas situado no bairro de Tel Al-Sultan, a noroeste da cidade de Rafah.

Relatos contam que foram ao menos oito mísseis que impactaram as tendas das famílias desabrigadas, recentemente instaladas nas proximidades da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), no bairro.

O acampamento possui milhares de pessoas desabrigadas e já havia sido declaradoaf como “zona segura” para as famílias pelas forças militares sionistas.

O ataque orquestrado pela coalização de extrema-direita, liderada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, está sendo classificado como mais um massacre pela imprensa internacional e por organizações humanitárias.

O Movimento Internacional do Crescente Vermelho palestino reportou que transferiram um grande número de cadáveres e pessoas feridas das tendas do acampamento. Os trabalhadores da saúde declararam que as vítimas foram “queimadas vivas”, em sua maioria mulheres e crianças.

A organização Action Aid UK estimou à rede americana ABC News que as vítimas fatais devem ultrapassar dos 50 mortos. “Crianças, mulheres e homens foram queimados vivos em suas tendas de abrigo”, declararam.

Os sionistas evocaram o direito de autodefesa para justificar mais uma carnificina e alegaram que o ataque aéreo foi em resposta a ataques do Hamas. Mais cedo, na manhã de domingo (26), o grupo islâmico disparou de Rafah foguetes na direção de Tel Aviv, cerca de 100 km da capital econômica do Estado judeu.

O exército israelense declarou ter identificado oito projéteis, a maior parte deles interceptada. Nenhum civil foi morto ou ferido em Tel Aviv e, de acordo com o jornal Haaretz, de Israel, fragmentos de foguetes caíram sobre o telhado de uma casa na cidade de Herzliya.

“Uma aeronave das FDI atingiu um complexo do Hamas em Rafah, onde operavam importantes terroristas do Hamas. O ataque foi realizado contra alvos legítimos sob o direito internacional, usando munições precisas e com base em informações precisas que indicavam o uso da área pelo Hamas”, disseram os militares.

“As IDF estão cientes de relatórios que indicam que, como resultado do ataque e do fogo que foi desencadeado, vários civis na área foram feridos. O incidente está sob revisão”, afirmou.

O número de pessoas mortas pela vingança sionista após o 7 de Outubro atingiu 35.984, enquanto o número de feridos ultrapassou os 80.643. Estima-se que milhares de pessoas continuem desaparecidas sob os escombros, com os seus restos espalhados pelas estradas ou em valas comuns clandestinas.

Netanyahu dobra aposta após decisão da CIJ e da Espanha, Irlanda e Noruega reconhecerem Palestina

Dois dias passados desde a decisão da CIJ, na última sexta (24), o bombardeio ao acampamento no bairro de Tel Al-Sultan já é o segundo ataque a Rafah após os movimentos de pressão internacional contra as manobras militares israelenses na cidade ao sul de Gaza.

A decisão da mais alta instância de Justiça da ONU atendeu a um pedido de emergência apresentado pelo governo da África do Sul, que acusa as forças israelenses de genocídio em Gaza.

De acordo com a CIJ, Israel deve “interromper imediatamente a ofensiva militar e qualquer outra ação em Rafah que imponha aos palestinos de Gaza condições de vida que possam provocar sua destruição física total ou parcial”, afirma a decisão da CIJ.

Em outra corte internacional de justiça, procuradores do Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiram um pedido de prisão a Netanyahu e a líderes do Hamas. A Alemanha afirmou que prenderá Benjamin Netanyahu se houver algum mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional contra ele e o líder israelense entrar no país comandado por Olaf Scholz.

A pressão da comunidade internacional e das instâncias de justiça nas cortes internacionais vem encurralando a coalizão de extrema-direita, que dobrou a aposta no último final de semana.

Entre o sábado (25) e o domingo (26), as IDF lançaram mais de 60 ataques aéreos em Gaza, matando mais de 200 palestinos.  Em outro movimento de emparedamento de Netanyahu, Espanha, Irlanda e Noruega se juntaram aos 140 países que reconhecem a Palestina como Estado.

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