Estados-pêndulo dão vitória a Donald Trump para a presidência dos EUA
Resultado eleitoral do legislativo dá à extrema direita maioria na Câmara dos Deputados e no Senado. Republicanos já tinham maioria na Suprema Corte. Trump elegeu-se com plataforma anti-imigrantes, enfatizando a economia.
Publicado 06/11/2024 09:00 | Editado 06/11/2024 12:16
O republicano Donald Trump foi declarado nesta terça (5) presidente dos Estados Unidos ao alcançar a marca de 276 dos 538 votos no Colégio Eleitoral. Com a apuração ainda em curso, Trump venceu a atual vice-presidente Kamala Harris, do Partido Democrata, em sete dos oito Estados-pêndulo. Os republicanos também obtiveram importantes vitórias nas eleições legislativas, onde o partido alcançou a maioria tanto na Câmara dos Deputados, quanto no Senado. A extrema direita já tinha maioria entre os juízes da Suprema Corte.
Diferente de 2016, quando Trump havia alcançado a maioria dos delegados, mas obteve menor votação popular que Hillary Clinton, desta vez, o bilionário soma a maioria dos votos em todo o país.
Até às 07h30 da manhã desta quarta (6), Trump havia contabilizado 68 milhões de votos, ante 62,9 milhões de Kamala Harris. O número é menor do que o recorde de votação alcançado em 2020, quando Joe Biden superou os 81 milhões de votos, enquanto Trump somou 74 milhões.
A vitória do empresário começou a ficar mais evidente após sete dos oito Estados-pêndulo encaminharem a vitória do republicano. Georgia, Pensilvânia e Wisconsin, que votaram nos democratas nas eleições de 2020, trocaram de partido em comparação e deram todos os delegados para os republicanos. Nevada e Michigan não mudaram o sinal político, dando maioria a Trump.
Até às 9 horas, o Arizona tinha 63% das urnas apuradas. No Estado, Trump vencia com uma pequena margem.
O único Estado-pêndulo que havia dado vitória a Kamala Harris foi Minnesota, lar do candidato a vice-presidente democrata, Tim Walz.
O Partido Republicano também obteve vitórias importantes no legislativo. No Senado, antes controlado pelos democratas, agora tem maioria republicana ao conquistar 52 dos 100 assentos da casa. Até às 8h30, a Câmara dos Deputados ainda contabiliza os votos, mas encaminha outra vitória para os correligionários de Donald Trump.
A vitória eleitoral de Trump marca uma reviravolta política nos EUA após o futuro do bilionário ficar em xeque quando apoiadores invadiram o Capitólio, incitados por ele, para impedir a confirmação da vitória de Joe Biden. No caminho até sua recondução à Casa Branca, também se tornou o primeiro ex-presidente condenado em ação criminal na história dos EUA.
O improvável retorno de um presidente derrotado em sua tentativa de reeleição e que retorna após quatro anos para enfim obter o segundo mandato só havia ocorrido uma vez em quase 250 anos de democracia americana.
Foi com o democrata Grover Cleveland, que governou nos períodos de 1885-1889 e 1893-1897. Na eleição de 1888, ele perdeu para Benjamin Harrison e no pleito seguinte o derrotou. Agora, Trump será lembrado como 45º e 47º presidente —como Cleveland, 22º e 24º.
Nesta manhã, antes mesmo de ter sua vitória decretada oficialmente, o líder republicano fez um discurso em que já falava como presidente eleito, no qual disse que esta foi “uma vitória magnífica”, para depois repetir seu conhecido bordão de “fazer a América grande de novo” (“make America great again”).
O magnata também agradeceu o apoio do bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), prometeu “acabar com as guerras” na Ucrânia e no Oriente Médio, e lembrou do atentado que sofreu durante um comício, em julho deste ano.
“Deus me poupou por um motivo, e agora completaremos a missão de manter as promessas”, afirmou Trump, em seu comitê de campanha.
Trump elegeu-se com uma plataforma anti-imigrantes e enfatizando a economia. Sua campanha culpou estrangeiros por quase todos os problemas do país –de criminalidade a aluguéis mais altos. O empresário também explorou a insatisfação dos americanos com sua vida financeira durante o governo Joe Biden. Nos últimos quatro anos, a inflação chegou a disparar para os maiores valores em 40 anos.
A memória de boa parte do eleitorado sobre a economia no governo Trump, quando o poder de compra subiu mais, suavizou a rejeição que americanos mais moderados têm em relação ao ex-presidente.
Na busca desses votos, o republicano prometeu isentar gorjetas e aposentadorias de impostos, cortar a carga tributária geral, impor tarifas de importação generalizadas e fazer a maior deportação em massa da história americana.
Trump também se beneficiou da percepção de que o cenário global saiu de controle de Biden, com a eclosão de conflitos no Leste Europeu e Oriente Médio. O republicano, que alardeia ter uma boa relação com o líder russo, Vladimir Putin, disse em campanha que pretende encerrar essas guerras antes mesmo de tomar posse, em 20 de janeiro.