Emoção e aplausos marcam estreia de “Ainda Estou Aqui” em Pequim

Com ingressos esgotados em tempo recorde, longa de Walter Salles encanta jovens chineses e reforça o interesse por histórias reais vindas da América Latina.

Bastidores das gravações de 'Ainda Estou Aqui' | Foto: divulgação/Sony

Com sala cheia e ingressos esgotados em tempo recorde, o filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” teve uma estreia marcante no 15º Festival Internacional de Cinema de Pequim, realizado no último sábado (26). Dirigido por Walter Salles e protagonizado por Fernanda Torres, o longa chamou atenção do público chinês pela sua abordagem sensível sobre a ditadura militar no Brasil.

Exibido no Cinema Artístico do Museu do Cinema da China, o filme emocionou principalmente o público jovem e feminino. A jovem Zhang Yuanying destacou que o filme ofereceu uma perspectiva íntima sobre a ditadura militar brasileira, diferente da visão que tinha apenas pelos livros de história. “O filme me proporcionou uma perspectiva mais concreta e intimista – uma visão do cotidiano que me permitiu vivenciar […] o que foi a dor das pessoas e, sobretudo, formar uma imagem nítida da crueldade do regime ditatorial”, afirmou.

Gu Yingchuan, historiadora especializada em língua portuguesa, elogiou a atuação de Fernanda Torres. “Foi muito sensível, muito tocante. Fiquei com uma vontade enorme de ser aquela pessoa no filme, de ser uma mulher que é gentil, mas ao mesmo tempo forte e resiliente”, disse.

Ying, profissional de marketing, associou o impacto do filme às leituras recentes de clássicos latino-americanos. Ela também destacou o significado da tradução chinesa do título – “Ainda estou aqui” – como um símbolo de resistência feminina e memória histórica.

A estreia ocorre em um momento de mudanças no mercado cinematográfico da China. Com a redução moderada das importações de filmes dos Estados Unidos, o público chinês tem pedido mais diversidade nas salas de cinema. Segundo ela, trazer filmes de outros países “proporciona uma perspectiva mais profunda e verdadeira sobre o mundo, uma visão mais diversificada”, refletiu Zhang.

A usuária Xiao Pu, na rede Weibo, questionou: “Não poderíamos ter mais filmes bons de outros países além dos Estados Unidos? O Brasil ganhou o Oscar no mês passado.” A reflexão foi compartilhada por Ma Xiao Xiao, que antes da sessão, disse: “Eu particularmente tenho muita vontade de ver mais obras daqueles países que raramente aparecem nas nossas telas”.

Embora “Ainda Estou Aqui” tenha sido exibido fora da competição, a repercussão foi positiva. O filme será lançado oficialmente nos cinemas chineses em 16 de maio. Enquanto isso, a história de resistência narrada por Fernanda Torres segue ecoando entre os jovens chineses.

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